Antes de adotar medidas para tentar combater a homofobia nos estádios, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi punida pela Conmebol por causa de gritos homofóbicos de torcedores na abertura da Copa América, em 14 de junho. Na ocasião, cantos de “b…” eram ouvidos das arquibancadas do Morumbi quando o goleiro boliviano Lampe cobrava tiros de meta. A pena foi multa de US$ 15 mil (cerca de R$ 57 mil na cotação da época).

A CBF foi enquadrada nos artigos 8 e 14 do Regulamento de Disciplina da Conmebol (insulto ou atentado contra a dignidade humana de outra pessoa ou grupo de pessoas, por qualquer meio, por motivos de cor de pele, raça, etnia, idioma, credo ou origem). À punição não coube recurso. O artigo 8 do Regulamento de Disciplina da Conmebol diz que as associações são responsáveis pelo comportamento dos jogadores, treinadores e até torcedores.

A entidade brasileira já foi multada diversas vezes pela Fifa por causa de gritos homofóbicos em jogos válidos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, que foi realizada na Rússia. Em partidas em diferentes estádios do País, os torcedores entoavam os cantos aos goleiros adversários.

Para as próximas Eliminatórias, que terão início no mês de março do ano que vem, a Fifa promete endurecer as punições. Os árbitros estarão autorizados a interromper, suspender ou cancelar as partidas em caso de ofensas homofóbicas de torcedores.

Caso a infração não seja interrompida após aviso nos telões e alto-falantes dos estádios, a punição será da perda dos três pontos válidos na partida até a eliminação da entidade da competição. A punição valerá também para as competições eliminatórias de outros continentes. Os gritos costumam ser mais ouvidos nos países sul-americanos.

Gritos importados. Os gritos de “bicha” a cada vez que o goleiro adversário cobra um tiro de meta foram “importados” do México. Lá e em outros países sul-americanos, os torcedores dizem “p…” No Brasil, o canto homofóbico passou a ser entoado por torcedores especialmente após a Copa de 2014.

Entidades de outros países também já receberam multas da Fifa. Em 2016, a Conmebol chegou a pedir para que as penas fossem diminuídas ao alegar que os gritos homofóbicos eram culturais na América do Sul. A Fifa não aceitou o pedido.

A Conmebol, que até então aliviava punições para estes casos, também passou a multar as entidades. Ela organiza a Copa Libertadores, por exemplo, e os clubes costumavam passar impunes aos atos homofóbicos de seus torcedores durante as partidas.