A cautela política volta a determinar os negócios na B3 neste início de semana, após a mudança da data de apresentação do parecer de Samuel Moreira (PSDB-SP), relator da Reforma da Previdência Social na Comissão Especial, para quinta-feira. Isso, segundo analistas, causa mais preocupação em relação ao prazo de aprovação da reforma, que vem sendo postergado.

O Ibovespa caia 0,42%, aos 97.411,12 pontos, após às 9h48. Na sexta, subiu 0,63%, aos 97.821,26 pontos. Na Europa e em Nova York, as bolsas sobem.

O investidor ainda segue atento aos desdobramentos da discussão sobre a votação do Projeto de Lei nº 4 (PLN4), prevista para esta semana e que prevê a concessão de um crédito extra para o governo no valor de R$ 248,9 bilhões, para evitar o não pagamento de vários benefícios.

Para um operador, a pressão do presidente Jair Bolsonaro para que se aprove o PL4, como escreveu nas redes sociais no fim de semana, tende a incomodar o Congresso, e causar um clima desconfortável. “Pode melindrar os congressistas, que se sentirão pressionados a aprovar o crédito”, avalia.

No sábado, 8, Bolsonaro fez um alerta a respeito PLN4. Conforme ele, se o PL não for aprovado, o governo terá de suspender o pagamento de benefícios a idosos e pessoas com deficiência já no próximo dia 25. Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), escreveu, também no Twitter, que é “muito bom que o presidente, enfim, tenha mostrado preocupação” com o assunto.

Além da alteração no dia da leitura da proposta, o noticiário envolvendo o ministro da Justiça, Sérgio Moro, também pode inibir um dia positivo para a Bolsa brasileira, a despeito do bom humor externo especialmente por conta do acordo dos Estados Unidos com o México. O presidente norte-americano anunciou que chegou a um consenso com o governo mexicano que evitará a imposição de tarifas a todos os produtos daquele país.

Em nota, a MCM Consultores ressalta que o vazamento de supostas trocas de mensagens entre Moro e o Ministério Público no âmbito da operação Lava Jato deve desgastar a imagem do ministro.

Uma outra fonte acrescenta que, apesar de a crise não ter ligação direta com o debate acerca da reforma da Previdência, é mais um problema para o governo. “Mas não acreditamos que isso possa afetar o andamento da reforma. O que não é bem visto é o fato de alteração da apresentação do texto da reforma do início da semana para quinta”, diz.

Conforme o operador, o que pode causar é uma inquietação no governo, mas sem mudar o rumo da reforma previdenciária.