BARCELONA, 10 OUT (ANSA) – Passados 10 dias de seu plebiscito separatista, chegou a “hora da verdade” para a Catalunha. Às 18h (horário local) desta terça-feira (10), o presidente da comunidade autônoma, Carles Puigdemont, se pronunciará no Parlamento regional, onde é provável que ele faça uma declaração unilateral de independência.   

Em um ambiente de crescente tensão, os Mossos d’Esquadra, nome da força policial catalã, reforçaram a segurança em torno do edifício legislativo, para onde os partidos independentistas convocaram uma grande concentração no momento do discurso de Puigdemont.   

Ainda não se sabe exatamente qual será o teor do pronunciamento do presidente, mas é possível que ele mantenha uma porta aberta ao diálogo com o governo da Espanha, que até agora recusou qualquer tentativa de mediação enquanto a Catalunha não abdicar da independência.   

O primeiro-ministro do país, Mariano Rajoy, já prometeu tomar “todas as medidas necessárias” para barrar a secessão. Uma das alternativas de Madri é aplicar o artigo 155 da Constituição, que prevê a suspensão da autonomia catalã, a dissolução do Parlamento regional e a convocação de eleições antecipadas. Além disso, Puigdemont e outros dirigentes poderiam até ser presos por “rebelião”.   

Divergências – Se até o plebiscito de 1º de outubro os nacionalistas catalães se mantiveram unidos, agora começam a ficar evidentes as divergências entre eles. A prefeita de Barcelona, Ada Colau, se manifestou contra uma possível declaração unilateral de independência, enquanto os partidos separatistas de extrema-esquerda que apoiam Puigdemont prometem reagir caso o presidente faça um discurso “moderado’.   

De acordo com a Lei do Plebiscito aprovada no início de setembro, o resultado da consulta popular, quando 90% dos eleitores votaram pelo “sim”, obriga o governo regional a declarar sua independência e iniciar o processo constituinte.   

Segundo o jornal “La Vanguardia”, uma possibilidade é Puigdemont anunciar a secessão, mas suspendê-la por algum tempo, enquanto busca reconhecimento internacional. Em outro cenário, o presidente se limitaria a comunicar oficialmente os resultados do plebiscito, o que faria Barcelona ganhar tempo, mas também aumentaria o sentimento de incerteza que já levou muitas empresas a anunciarem sua saída da região.   

No entanto, caso a declaração unilateral de independência se confirme, não restará a Rajoy, líder de um governo de minoria e impopular, outra coisa que não acionar o artigo 155 da Constituição, uma decisão que necessita do aval do Senado, onde o primeiro-ministro tem os números necessários para aprová-la.   

Contudo, uma intervenção de Madri poderia fomentar o sentimento nacionalista catalão naqueles que ainda estão em dúvida quanto ao separatismo e culminar em um motim – ainda que parcial – dos Mossos d’Esquadra. (ANSA)