LIMA, 10 JUN (ANSA) – O candidato da esquerda, Pedro Castillo, se declarou o vencedor das eleições no Peru com 50,2% dos votos, derrotando a representante da direita, Keiko Fujimori, que aparece com 49,7%. Segundo mostra o Escritório Nacional de Processos Eleitorais (Onpe) nesta quinta-feira (10), 99,998% das urnas foram apuradas – faltando 2 a serem contabilizadas, No entanto, a líder do Força Popular já entrou com centenas de ações para anular cerca de 200 mil votos. Em números totais, o postulante do Peru Livre tem 8.791.778 e a filha do ex-ditador Alberto Fujimori tem 8.720.337, uma diferença de 71.441 votos apenas.

Keiko começou a falar em “fraude” assim que o cenário da contagem de votos ficou desfavorável para ela, o que ocorreu na madrugada da quarta-feira (9). Até então, a direitista liderava a apuração das cédulas. Na madrugada desta quinta, o Força Popular impetrou com ações para anular os votos de 802 centros eleitorais, especialmente, na área rural, onde Castillo tem mais força.

“Elas [urnas] foram escrupulosamente analisadas pela equipe legal do nosso partido e, por esse motivo, nós apresentamos as ações de nulidade das 802 urnas em todo o país”, disse Keiko.

Conforme a candidata, além dos 200 mil votos que “devem ser eliminados da apuração”, podem haver ainda “potenciais 300 mil votos em 1,2 mil centros para os quais temos objeções”.

No entanto, desde as primeiras acusações, a Organização dos Estados Americanos (OEA), que teve seus observadores com amplo acesso a todas as zonas eleitorais, disse não haver nenhuma prova de que houve fraude ou manipulação de resultados.

Ignorando os protestos, Castillo já falou como vencedor e agradeceu “em nome do povo boliviano” as mensagens de felicitações que já vem recebendo de outros presidentes.

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“Seremos um governo respeitoso da democracia, da atual Constituição e faremos um governo com estabilidade financeira e econômica”, prometeu a apoiadores na noite desta quarta-feira.

Recontagem deve demorar dias – O presidente do Tribunal Nacional Eleitoral (JNE), Jorge Luis Salas, definiu como “extraordinária” a situação criada por Keiko ao solicitar a anulação dos votos.

Conforme Salas, por conta do volume de pedidos, o resultado oficial vai demorar “muitos dias” para ser confirmado.

“O sistema eleitoral peruano não foi projetado para receber a quantidade de 802 recursos que apresentou o Força Popular”, acrescentou em entrevista à rádio “RPP” de Lima. O líder do JNE ainda afirmou que, nos últimos pleitos, que também foram bastante acirrados, foram 26 protestos em 2016 e de apenas dois em 2011.

Salas explicou que os pedidos são analisados pelos Tribunais Eleitorais Especiais, que têm três dias de tempo para as audiências e mais três dias para dar uma resposta. Dali, eles enviam seus dossiês para a JNE, que tem o mesmo prazo para uma decisão definitiva. O representante ainda destacou que isso foi pensado para poucos pedidos de recurso e não para centenas deles.

O Peru vive uma grave crise política há cerca de 20 anos, com a constante troca de presidentes. No entanto, a situação se agravou no fim do ano passado com o impeachment de Martín Vizcarra por “incapacidade moral”. Atualmente, Francesco Segasti lidera o país interinamente. (ANSA).


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