 "Rodrigo Coca/Ag. Corinthians")
A partida desta quarta-feira, 23, entre Corinthians e Cruzeiro, pela 16ª rodada do Brasileirão, terá um gostinho especial para o goleiro Cássio, arqueiro titular do clube mineiro desde 2024. O duelo, na Neo Química Arena, às 19h30, marca o reencontro entre Cassio e torcida corintiana.
Atual líder do campeonato, o Cruzeiro vem embalado e não sabe o que é perder no Brasileirão desde a 5ª rodada, quando foi derrotado pelo RB Bragantino por 1 a 0.
Do outro lado, o Corinthians vive um momento de instabilidade e muita turbulência extracampo. No último fim de semana, o Alvinegro perdeu o clássico Majestoso por 2 a 0 diante do São Paulo.
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Uma das grandes justificativas pela ótima campanha do Cruzeiro até o momento no Brasileirão é justamente a melhora do rendimento do goleiro Cássio. Contestado quando chegou ao clube, sendo cobrado por torcedores no inicio de 2025, Cássio deu a volta por cima e é um dos principais pilares da equipe. O Cabuloso tem a terceira melhor defesa do torneio com apenas nove gols sofridos, sendo que cinco deles foram nas primeiras cinco rodadas, quando a equipe ainda não havia engrenado.
Agora vestindo a camisa azul, Cassio reencontrará o torcedor corintiano em sua casa pela primeira vez desde que deixou o clube na metade de 2024. Considerado por muitos o maior ídolo da história do clube paulista, Cássio certamente terá uma noite especial. Relembre a historia do arqueiro pelo Corinthians:
Início da história no Corinthians
A história de Cássio vestindo a camisa do Corinthians durou mais de 12 anos. O arqueiro de 1,96 m chegou no inicio de 2012 como um “desconhecido” e contratado para ser o reserva do goleiro Júlio César, que havia sido uma peça importante do clube na conquista do Brasileirão em 2011.
Sua estreia foi durante o Campeonato Paulista daquele ano, em partida diante do XV de Piracicaba no Pacaembu. No confronto, o técnico Tite optou por usar uma equipe alternativa, dando a primeira chance de Cássio mostrar seu talento. Mesmo assim, seguiu na reserva durante mais algumas partidas.
Entretanto, a vida no banco de reservas durou pouco. Já contestado, Júlio César falhou em duas oportunidades nas quartas de final do Paulistão daquele ano contra a Ponte Preta. As duas falhas geraram os gols que ajudaram na derrota por 3 a 2 e eliminaram o Corinthians do torneio.
Naquela altura, o Corinthians iria disputar as oitavas da Libertadores poucos dias depois. Por conta das falhas no Paulistão, o técnico Tite optou por dar uma nova chance a Cássio, que tinha 25 anos.
Em seu segundo jogo, diante do Emelec, no jogo de ida das oitavas, Cássio finalmente pode mostrar suas credenciais, sendo fundamental para que o Corinthians segurasse o empate em 0 a 0 no Equador. No jogo da volta, o Corinthians venceu por 3 a 0, novamente com Cássio como goleiro titular da equipe, se encaminhando para a conquista inédita da Libertadores.
Números
A longa história de Cássio no Corinthians torna ele o 2º jogador que mais vestiu a camisa alvinegra, atrás apenas do lateral Wladimir, que tem 806 jogos. Além disso, sendo titular em uma das época mais vitoriosas da história do clube, Cássio é um dos jogadores mais vencedores com a camisa do Timão. Veja os números:
- Jogos: 712
- Resultados: 316 vitórias, 217 empates e 179 derrotas
- Aproveitamento de pontos: 54.54%
- Pênaltis defendidos: 32 ( maior defensor de pênaltis da história do Corinthians)
- Jogos sem levar gol: 291
- Títulos: 9 (Paulista 2013, 2017, 2018 e 2019; Brasileirão 2015 e 2017; Recopa Sul-Americana 2013; Libertadores 2012 e Mundial de Clubes 2012)
Libertadores e Mundial
Dos nove títulos que Cássio conquistou vestindo a camisa do Corinthians, a Libertadores e o Mundial de Clubes, ambos em 2012, foram os que mais marcaram a passagem do arqueiro no Parque São Jorge.
O lance mais marcante da história do goleiro no clube paulista foi nas quartas de final da Libertadores de 2012. No duelo contra o Vasco, o primeiro jogo do confronto terminou em 0 a 0 e, na metade do segundo tempo do 2º jogo, enquanto o placar novamente marcava 0 a 0, Diego Souza, do Cruzmaltino, teve a chance de abrir o placar e encaminhar a classificação dos cariocas. O meia saiu cara a cara com Cassio e tentou tirar do goleiro, que defendeu com as pontas dos dedos, mandando a bola pra escanteio.
A icônica defesa foi fundamental para o Corinthians classificar. Pouco tempo depois Paulinho marcou o gol da vitória do Timão, garantindo o avanço. Depois, o Corinthians venceu o Santos nas semis e bateu o Boca Juniors na grande decisão, conquistando o título inédito.
Outra atuação memorável do goleiro foi na final do Mundial de Clubes daquele mesmo ano. Diante do Chelsea, Cássio foi responsável por diversas defesas “milagrosas”, ajudando o Corinthians a terminar o jogo com o placar favorável. Com gol de Paolo Guerrero, o Alvinegro bateu os ingleses e conquistou o bicampeonato. A atuação de Cássio rendeu a ele o troféu de melhor jogador do campeonato.
Saída conturbada
Apesar de ser considerado um dos maiores, se não o maior, ídolo da história do clube, Cássio encerrou sua passagem pelo Corinthians de forma polêmica. Passando por uma má fase em 2024, sendo muito contestado pela torcida, Cássio passou a ser preterido pelo goleiro Carlos Miguel e não durou muito tempo na reserva.
Muitos apontaram que a saída do goleiro se dava por ele ter ido pro banco de reservas e não aceitar esse posto após 12 anos como titular do gol corintiano. Entretanto, Cassio negou que esse seria o motivo, mas sim que “ciclos se encerram” e que era hora de encerrar o vínculo com o Corinthians.
Dessa forma, seu ciclo com a camisa do Corinthians se encerrou em maio de 2024. Sua última partida pelo clube foi em abril, quando o Alvinegro foi derrotado pelos Argentinos Juniors na Copa Sul-Americana por 1 a 0.
Dias depois de deixar o Corinthians, Cássio foi anunciado pelo Cruzeiro, clube que defende até hoje. Em julho deste ano, Cassio disse em entrevista ao Cruzeiro Cast que a saída conturbada do Corinthians foi melhor para ambos, já que ele não tinha mais “forças” para ajudar e que enfrentava uma depressão profunda.
“Olhando com calma, foi a melhor coisa para os dois lados. Para o Corinthians e para mim. Não tinha força para ajudar. Estava na depressão profunda. Quando cheguei, falaram que eu estava com olho fundo. Semblante é totalmente diferente do que tenho hoje. Mas, às vezes, a gente precisa de ajuda”, disse Cássio.