23/12/2021 - 18:23
França e Reino Unido bateram recordes de contágios diários nesta quinta-feira (23) diante do avanço da variante ômicron, que forçou o confinamento de todos os habitantes da cidade chinesa de Xi’an, além da adoção de outras medidas restritivas na Europa.
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No Reino Unido, registrou-se um recorde de cerca de 120.000 novos casos de covid-19 nesta quinta. O aumento em sete dias é de 50% e o número de internações começa a aumentar, sobretudo em Londres.
A situação nos hospitais é acompanhada com muita atenção “porque vai nos ensinar muito sobre a gravidade” da doença provocada pela ômicron, destacou nesta quinta Arnaud Fontanet, do conselho que assessora o governo francês.
A Escócia anunciou o fechamento de boates nesta quinta. Para a Inglaterra, o governo de Boris Johnson está adiando ao máximo as restrições mais severas, baseando-se em dois estudos que mostram um risco menor de hospitalizações com a variante ômicron em comparação com a delta, dominante até há pouco.
A situação na França também piora. Nesta quinta, foi batido o recorde de casos positivos em um dia desde o início da pandemia: 91.608 contágios, segundo o governo.
O recorde anterior, de novembro de 2020, era de 86.852.
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, doutor Hans Kluge, disse que “a ômicron está se tornando dominante em países como Dinamarca, Portugal e Reino Unido, onde os números dobram entre cada dia e meio ou três dias”.
Embora a ômicron se espalhe em alta velocidade, alguns estudos feitos esta semana em África do Sul, Escócia e Inglaterra dão um sopro de esperança quanto à gravidade dos casos.
Segundo uma análise da agência britânica de segurança sanitária, publicado nesta quinta-feira, os doentes infectados com esta variante têm entre 50% e 70% menos riscos de hospitalizações do que com a delta.
– Confinamento na China –
Embora esteja longe dos 120.000 casos diários do Reino Unido ou dos 60.000 da Espanha, a China aposta em uma estratégia de erradicação do vírus, especialmente faltando um mês e meio para os Jogos Olímpicos de Inverno na capital, Pequim.
Esta variante já responde por 73% das novas infecções nos Estados Unidos.
A Espanha também bateu um recorde de casos diários, com mais de 60.000, quase metade devido à ômicron.
Diante desta situação, o governo espanhol, que conta com uma das populações mais amplamente vacinadas da Europa, anunciou na quarta-feira o restabelecimento do uso obrigatório das máscaras em ambientes externos.
A Grécia também anunciou na quinta que o uso das máscaras seria obrigatório em ambientes fechados e abertos durante as férias e foram canceladas todas as festividades públicas de Natal e Ano Novo.
– Vacina obrigatória no Equador –
O Equador tornou obrigatória a vacinação contra a covid-19 para a sua população a partir dos cinco anos de idade por causa da variante ômicron, informou o Ministério da Saúde nesta quinta-feira.
A pasta argumentou que a decisão de obrigatoriedade da vacinação no país se enquadra na Constituição, que estabelece que o Estado deve garantir o direito à saúde.
Sessenta e nove por cento dos 17,7 milhões de equatorianos receberam o esquema vacinal completo.
E o Chile, com mais de 86% da população totalmente vacinada, anunciou que vai aplicar uma quarta dose do imunizante anticovid a partir de fevereiro, a começar pelos grupos mais vulneráveis.
A agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, aprovou nesta quinta a pílula anticovid da MSD um dia depois de ter dado luz verde a um medicamento similar da Pfizer.
– Menos grave, porém mais infecciosa –
O laboratório sueco-britânico AstraZeneca informou nesta quinta-feira que uma terceira dose da sua vacina aumenta “significativamente” o nível de anticorpos contra esta variante.
Apesar disso, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou contra a ilusão de que seria suficiente uma dose de reforço para vencer a pandemia.
“Poderiam, inclusive, prolongá-la ao invés de acabar com ela, ao desviar as doses disponíveis a países com altas taxas de vacinação, dando ao vírus mais chances de se propagar e sofrer mutações”, acrescentou.
O caráter altamente infeccioso desta nova cepa pode neutralizar sua aparente menor gravidade, pois a alta propagação aumenta a quantidade de pessoas infectadas.
O mundo totalizou mais de 5,3 milhões de mortos e mais de 276 milhões de casos de covid-19 desde o fim de 2019, segundo um balanço estabelecido pela AFP nesta quinta-feira a partir de fontes oficiais.