O golpe financeiro em que Gustavo Scarpa, ex-jogador do Palmeiras, e Mayke, atual atleta do clube paulista, caíram ainda segue sem resolução. Juntos, os jogadores perderam quase R$ 11 milhões investidos em criptoativos. A aplicação foi sugerida por William Bigode, ex-companheiro de Scarpa e Mayke no Palmeiras. Os recursos foram investidos por meio da Xland Holding Ltda, empresa especializada na gestão de criptoativos e que prometia retornos de 3,5% a 5% ao mês.
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A IstoÉ conversou com o advogado José Milagre, especializado em criptomoedas e fraudes digitais, para entender os desdobramentos do caso. Segundo ele, ainda que seja uma situação bastante complicada para os atletas, nem tudo está perdido.
“Atuamos em diversos casos de investigação de desvios de fundos por meio de criptomoedas e sabemos que a recuperação não se dá somente com medidas judiciais. Os golpistas podem dilapidar o patrimônio e até manter em criptoativos, o que exige uma investigação técnica especializada em criptomoedas. Ao contrário do que muitos afirmam, as transações em criptoativos não são 100% anônimas”, afirma.
“Com técnicas e ferramentais de investigação e perícia digital, é possível fazer o ‘follow the money’ nao blockchain. Contudo, pode levar tempo, e o sucesso depende de muitos fatores. Ainda assim, as técnicas de rastreio de criptomoedas furtadas estão avançando e podem ajudar as vítimas de golpes, como o aplicado aos jogadores”, complementa.
Para evitar fraudes desse tipo, o especialista em crimes cibernéticos recomenda suspeitar de retornos altamente atrativos.
“Para identificar golpes financeiros com criptomoedas temos inicialmente que desconfiar de rentabilidades absurdas, como 80% ao ano. Além disso, também é preciso ficar atento com promessas como a de que a operação não tem riscos ou a de que os retornos são imediatos”, destaca.
Com experiência na área, José Milagre também ressalta a necessidade de ficar alerta quanto a situações suspeitas, pois as quadrilhas costumam fazer de tudo para aparentar que agem totalmente em acordo com a lei.
“Pesquise sempre sobre o projeto e quem são os investidores envolvidos, analise o código dos smart contracts da criptos envolvidas e não acredite em aparências. Os criminosos gostam de ostentar para, de certo modo, transferir credibilidade ao projeto, inclusive recrutando pessoas para servirem de modelos que investiram e estão lucrando, quando, na verdade, não passa de uma atuação”, explica.
Por fim, o advogado comenta que um dos motivos que levam jogadores a cair no golpe é a ideia de que ativos digitais, como criptomoedas, trazem alta lucratividade.
“Na verdade, são operações extremamente voláteis e de altíssimo risco”, adverte. “Os fraudadores fazem uma pirâmide com supostos ativos cripto, formam um fundo sem reconhecimento da CVM, prometem 5% ao mês, captam o dinheiro, que pode ser convertido em “supostos tokens locados” e desaparecem”, completa.