Há 20 anos, a mídia brasileira noticiava o assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen, mortos na madrugada de 31 de outubro de 2002. O crime que chocou o País levou à prisão a filha mais velha do casal, Suzane von Richthofen, e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos.

Na época, Suzane era namorada de Daniel. Ele e Suzane foram condenados a 39 anos e seis meses de reclusão. Cristian pegou 38 anos e mais seis meses.

O assassinato ocorreu na casa do casal Richthofen, uma mansão no bairro do Brooklin, na capital paulista. Após o crime, a polícia foi acionada e Suzane alegou que a casa havia sido assaltada.

No entanto, ao longo das investigações, as autoridades passaram a suspeitar do comportamento do então jovem casal, até que os três confessaram o crime. O julgamento do caso ocorreu quatro anos depois, em julho de 2006.

“Saidinhas”

Em 2015, após cumprir oito anos em regime fechado no presídio de Tremembé, Suzane ganhou o direito de passar para o regime semiaberto, com o benefício de sair por alguns dias da cadeia em datas festivas, como Dias das Mães e Dias dos Pais.

A primeira saída, no entanto, só aconteceu em março de 2016 para a Páscoa. No mesmo ano, a condenada por matar os pais chegou a perder o benefício por fornecer um endereço que não existe durante sua saída temporária para o Dia das Mães.

A defesa dela recorreu alegando que tudo não passou de um mal-entendido, alegando que “estavam com o endereço antigo, não atualizaram”. Em julho daquele ano, a Justiça decidiu reconduzir Suzane ao regime semiaberto, afastando “qualquer suposição de má-fé”.

Em 2020, por causa da pandemia do coronavírus, Suzane deixou a cadeia apenas para a saída temporária de Natal. Há cinco anos, a defesa de Suzane vem tentando a concessão de liberdade provisória. O último pedido foi negado pela justiça no ano passado.

Daniel e Cristian Cravinhos já tiveram o benefício do regime aberto, no qual o detento é obrigado a comparecer à Justiça em datas pré-determinadas, não incidir atos criminosos e se recolher em casa nos horários definidos.

De volta aos estudos

Na época em que o crime ocorreu, Suzane cursava Direito em uma faculdade. Atualmente, a detenta estuda Biomedicina na Universidade Anhanguera. A autorização para cursar o ensino superior em ambiente externo foi dada em setembro de 2021 pelo desembargador José Damião Pinheiro Machado Cogan, do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Ele levou em conta que ela havia conseguido uma boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e demonstrou ter condições de custear os estudos. Ela faz faculdade no período noturno.

Suzane também obteve autorização para frequentar aulas de um curso particular de informática. Os estudos são pagos pela própria detenta.

Em novembro de 2021, Suzane foi vista usando o transporte coletivo para ir da prisão para a universidade. Já no mês passado, a detenta apresentou um trabalho sobre maternidade e desafios da gestação.

Promotor de Justiça e médico ‘seduzidos’ por Suzane

Em 2019, o jornalista policial Valmir Salaro, da Rede Globo, revelou durante o “Programa com Bial”, que Suzane seduziu um promotor de Justiça e um médico na cadeia.

“Conheço duas histórias: de um promotor de justiça e um médico. O promotor de justiça se apaixonou pela Suzane, no interior de São Paulo, e chegava a pedir para a diretora da cadeia tirar a Suzane da cela e levar para o gabinete que ele montou no Ministério Público como se fosse boate, com som, luz, lanche para ela”, disse Valmir Salaro.

“Um médico, que trabalhava em presídio em São Paulo, foi denunciado por carcereiros, funcionários, dizendo que ele protegia muito a Suzane. Ele levava pastel para ela, levava ela na clínica dentro do presídio”, completou.

Salaro contou ainda que tentou entrevistar o médico na casa dele, mas por respeito a mulher dele, que acompanha a gravação, não conseguiu abordar o tema porque o profissional disse que, caso ele falasse sobre Suzane, poderia acabar com seu casamento.

Filmes

Em 2021, dois filmes baseados nos autos do processo foram lançados: A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou Meus Pais, ambos dirigidos por Maurício Eça.

As histórias são baseadas nos depoimentos dos acusados durante o julgamento, que apresentaram as versões conflitantes de Daniel Cravinhos e de Suzane von Richthofen, respectivamente, cada um acusando o outro de ser o mentor do crime. Nas obras, Suzane é interpretada por Carla Diaz e Daniel por Leonardo Bittencourt.

* Com informações da Agência Estado