O vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Doutor Jairinho (Solidariedade), padrasto de Henry Borel, tentou fazer uma liberação rápida do corpo do menino de 4 anos no Hospital Barra D’Or, sem que o cadáver fosse enviado para o Instituto Médico Legal (IML). As informações são da colunista Juliana Dal Piva, do Uol.

De acordo com integrantes da equipe médica que atendeu a criança no hospital, após constarem as lesões no menino, o corpo de Henry foi encaminhado para o IML. No entanto, o vereador teria tentado junto à equipe médica e depois com outros funcionários do hospital fazer uma liberação rápida, sem que o corpo passasse por necrópsia.

Conforme a reportagem do Uol, o parlamentar enviou mensagens e chegou a ligar diversas vezes fazendo o mesmo pedido. As solicitações foram negadas pela equipe do hospital devido às lesões encontradas.

O laudo do IML aponta que a criança sofreu hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente. Peritos envolvidos no caso garantem que as lesões, como equimoses, hematomas, edemas e contusões, não são compatíveis com um acidente doméstico.

Procurado pelo Uol, o advogado André França, que representa o vereador e Monique Medeiros, mãe de Henry, afirmou que é uma “questão especulativa”.

“Toda a família, várias pessoas pediram a liberação, inclusive também a Monique, pode aderir aí a Monique também. O próprio pai porque as pessoas querem enterrar os seus, participar de velório, essas coisas todas, então o interesse é acelerar”, disse o advogado.

“Tem hora até para funcionar o enterro, que é reduzido. Então certamente por esse motivo, nada diferente disso. Qualquer pessoa vai querer agilizar para que você possa fazer de caixão aberto, para que você possa ter um velório, entendeu? Somente por isso”, afirmou a defesa do casal ao Uol. França não explicou porque o casal insistiu na liberação mesmo com a identificação das lesões.

Já Leonardo Barreto, advogado de Leniel Borel, disse ao Uol que é “mentira” que o pai de Henry tenha solicitado a liberação rápida do corpo. Borel disse que após orientação da equipe médica, registrou boletim de ocorrência e também pediu um laudo do Instituto Médico Legal (IML). Até o momento mais de 10 pessoas foram ouvidas no inquérito que apura a morte do menino.

Relembre o caso

Henry passou o final de semana do último dia 7 com o pai e votou para casa da mãe por volta das 19h30. Ela relatou que a criança vomitou ao chegar no local, mas não estranhou o estado, por tratar como algo normal quando o filho chorava muito.

De acordo com Monique, na madrugada do dia 8, ela e o padrasto de Henry estavam em um quarto assistindo televisão, enquanto o filho dormia no quarto do casal.

À polícia, o padrasto do menino contou que estava assistindo a uma série no quarto de hóspedes com a mulher para não incomodar o sono do enteado. Monique afirmou que acordou por volta das 3h30 com o barulho da TV ligada.

Ela relatou ter ido ao quarto do casal, onde viu o filho caído no chão. “Peguei meu filho, botei em cima da cama. Estranhei. As mãos e os pés dele estavam muito geladinhos. Chamei o Jairinho. Ele enrolou meu filho numa manta e fomos ao hospital”, disse a mãe em entrevista à Record TV.

Quando o pai encontrou o casal, Monique e Jairinho contaram que Henry havia feito um “barulho estranho” enquanto dormia. Em depoimento à policia, Monique afirmou que imaginava que Henry teria acordado, ficado em pé em cima da cama e se desequilibrado ou até tropeçado no encosto da poltrona e caído no chão.

Ela também relatou que, quando deu banho no filho antes dele ir dormir, não percebeu qualquer lesão grave. Jairinho foi quem dirigiu até o hospital Barra D’Or. Apesar de ser médico, o vereador afirmou que a última vez que tinha feito massagem cardíaca foi em um boneco, ainda na faculdade.

Já Monique afirmou que fez uma manobra de respiração boca-a-boca, apesar de não saber realizar o procedimento.

Na tarde de segunda-feira, a polícia chegou a fazer uma perícia no apartamento de Monique e Dr. Jairinho. No entanto, quando os peritos chegaram, uma funcionária do casal já tinha feito a limpeza do local.

A 16ª DP (Barra) também recolheu imagens de câmeras de segurança mostrando que Henry chegou bem ao condomínio onde moram a mãe e o padrasto. Ele foi levado até lá pelo pai.