A Polícia Civil prendeu na manhã desta sexta, 17, mais um suspeito de ter auxiliado na fuga de um suposto olheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) que estava presente no Aeroporto de Guarulhos, Grande São Paulo, no dia da execução do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, em 8 de novembro do ano passado.
O estudante de Direito Marcos Soares Brito, de 23 anos, foi localizado no Tatuapé, zona leste da capital paulista, e preso temporariamente por tráfico de drogas. Ele foi levado à sede do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no centro, e ficou à disposição da Justiça – deve passar hoje por audiência de custódia.
Ao Estadão, o advogado Guilherme Vaz diz que ainda não teve acesso ao inquérito policial, mas que Brito é inocente das acusações de associação para o tráfico e de ter colaborado com Kauê Amaral Coelho, de 29 anos, apontado como olheiro do PCC. “A gente tem consciência que ele não tem envolvimento nenhum com isso e só está sendo envolvido em virtude de ser conhecido do Kauê”, diz.
Na quinta, foi detida a modelo Jackeline Moreira, de 28 anos, que seria namorada de Kauê. Encontrada em Itaquera, também na zona leste, ela também foi presa temporariamente por tráfico de drogas, com base em informações coletadas em quebra de sigilo telemático, segundo investigação. O Estadão não conseguiu localizar a defesa de Jackeline.
Conforme a Polícia Civil, Marcos e Jackeline são suspeitos de auxiliar na fuga de Coelho. “Eles também serviam como traficantes (a serviço) do Kauê”, disse a delegada Ivalda Aleixo, diretora do DHPP.
Como mostrou o Estadão, gravações obtidas pela Polícia Civil mostram Kauê no aeroporto uma hora antes do pouso do avião em que estava Gritzbach, que havia assinado acordo de delação para revelar detalhes sobre a lavagem de dinheiro do PCC. Pouco antes dos disparos, conforme a investigação, as imagens mostram ele apontando para o delator. Gritzbach foi morto na área de desembarque do terminal 2 com dez tiros de fuzil.
Na quinta, um policial militar da ativa de 40 anos, suspeito de ser um dos atiradores, foi preso em operação da Corregedoria da PM. Outros 14 agentes também foram presos na operação, incluindo dois tenentes. Eles cuidariam da escolta de Gritzbach.
Coelho segue foragido. A suspeita é de que ele tenha fugido para o Rio antes de uma operação realizada ainda em novembro, deflagrada após a Justiça decretar sua prisão temporária. Agora, a investigação indica que Coelho não está mais por lá. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) oferece recompensa de R$ 50 mil a quem tiver informações sobre ele.
Prisão anterior
Marcos Soares Brito, detido ontem, chegou a ser preso em dezembro do ano passado junto de seu tio, Allan Pereira Soares, de 44 anos, acusado de porte ilegal de armas. Já na época, havia a hipótese de que o estudante poderia ter ajudado na logística da morte de Gritzbach. Ele e o tio, porém, foram soltos menos de 24 horas depois. Segundo o boletim de ocorrência, PMs das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) afirmaram que, só com Marcos, teriam sido encontradas 110 munições de fuzil de calibre 7,62 mm e 5,56. Elas estariam na moto do acusado e em um carro, que seria de propriedade de Allan, encontrado na zona leste.
Na época, o advogado Guilherme Vaz, que também representa Allan, afirmou durante a audiência de custódia que “ficou comprovado que tinha algo estranho na história da PM”. Um dos pontos levantados por ele é que, após ser abordado em casa, Allan ligou para Marcos ir até lá.
“Como alguém vai ao encontro da polícia carregado de munições na moto?”, questionou o advogado. A defesa afirmou na ocasião que ambos os clientes negam ser os donos das munições ou ter qualquer relação com o caso da execução de Gritzbach.
A decisão pela liberação dos dois se deu após audiência realizada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), que indicou suposta irregularidade na prisão. Em documento obtido pelo Estadão, a juíza Juliana Pirelli da Guia afirmou que o flagrante se mostrou “irregular e ilegal”.
Na época, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, secretário-executivo da Segurança Pública, comentou o caso. “Não vamos baixar a guarda, vamos continuar trabalhando”, disse. Ele ressaltou que, ao todo, foram apreendidos sete celulares durante a ação. A expectativa é obter informações decisivas a partir dos aparelhos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.