Carolyn Bryant Donham morreu aos 88 anos, na última terça-feira (25), em um asilo em Westlake nos Estados Unidos. A mulher passava por cuidados paliativos em detrimento de um câncer. Quando Bryant tinha 21 anos, a norte-americana acusou um garoto negro de olhar e assobiar indevidamente para ela uma loja em Money, no Mississippi, em 1955.

O garoto era Emmett Till, de 14 anos, que seria morto brutalmente posteriormente. Till foi alvo do então marido de Carolyn, Roy Bryant, e J.W. Milam, os quais tiraram Emmett de sua cama, em Chicago, e o espancaram, antes de atirar com uma espingarda na cabeça do adolescente e jogar seu corpo no rio Tallahatchie.

A dupla foi inocentada por um júri totalmente branco em julgamento, corroborado por um falso testemunho de Bryant Donham, no qual ela ainda afirmou que Emmett a agarrou e a ameaçou verbalmente.

Apenas um ano depois do ocorrido, Milam, que morreu em 1980, e o marido de Donham, morto em 1994, confessaram ter cometido o assassinato em entrevista para revista look. Da mesma forma, em 2008, Carolyn foi confrontada pela sua versão apresentada à Justiça. Em entrevista para Timothy Tyson, a mulher admitiu que “Essa parte não é verdade” ao se referir sobre Till ter tocado nela ou ter proferido ameaça.

Na época a morte do adolescente, o caso ganhou ainda mais repercussão após a mãe de Till , Mamie Bradley, ter exigido que o velório do filho ocorresse de caixão aberto, com o objetivo de que todos vissem o estado no qual os assassinos deixaram o corpo do jovem. O registro em fotos do cadáver correu pelo país e a morte de Emmett foi um dos tristes eventos que incitaram, ainda mais, a busca por direitos civis dos negros nos Estados Unidos.

Malik Shabazz, da Black Lawyers for Justice, disse em um comunicado nesta quinta-feira (27), que o legado de Donham “será de desonestidade e injustiça”.

“A morte de Carolyn Bryant encerra um capítulo doloroso para a família Emmett Till e para os negros na América. A parte trágica da morte de Bryant é que ela nunca foi responsabilizada por seu papel na morte do jovem Emmett Till, que é o mártir do Movimento dos Direitos Civis”, diz o comunicado.