Na segunda-feira, 7, Eliezer conversou com seus seguidores nas redes sociais e compartilhou como administra a educação dos filhos, que já nasceram em uma situação financeira confortável. O influenciador, casado com Viih Tube, explicou que estabelece limites para os dois filhos: Lua, de 2 anos, e Ravi, de 7 meses.
Ao ser perguntado por uma seguidora sobre como ensina Lua a valorizar as coisas, Eli respondeu de forma honesta: “Não sei ao certo, pessoal. Na verdade, essa é minha maior preocupação”.
O ex-BBB revelou que mantém um diálogo constante com a filha mais velha para que ela compreenda que nem sempre pode ter tudo que deseja: “Cada dia é um aprendizado. Acho que vamos descobrindo, aos poucos, como lidar com isso. Tem dias em que conseguimos dizer ‘não’, e outros em que não. Algo que fazemos bastante com ela é conversar, explicar tudo. Sempre que saímos, nada é feito às escondidas, explicamos os motivos do ‘sim’ e do ‘não’”.
Ele contou que, numa visita ao aquário, Lua quis comprar um urso de pelúcia específico, mesmo tendo muitos em casa. “Explicamos bastante para ela. Na maior parte das vezes, cerca de 80%, ela entende e demonstra uma maturidade impressionante para a idade”, completou.
Eliezer ainda ressaltou que, apesar de garantir um futuro financeiro estável para os filhos, o foco da criação é prepará-los para que não cresçam como adultos superficiais. “Quando Lua e Ravi tiverem mais consciência, poderão sentir que possuem tudo o que querem. Acredito que é responsabilidade minha e da Viih evitar que se tornem pessoas vazias, que acreditem que o mundo está nas mãos delas. Esse é o papel dos pais na educação neste momento. Admito que não tenho todas as respostas e que essa preocupação me deixa bastante ansioso”, finalizou.
Por que dizer ‘não’ para os filhos também é um ato de amor?
Procurada pela reportagem da IstoÉ Gente, Telma Abrahão, biomédica, especialista em neurociência e desenvolvimento infantil, além de autora de best-sellers sobre educação e saúde emocional, concedeu a seguinte declaração. Confira na íntegra:
“Em um mundo onde muitas crianças crescem rodeadas de objetos materiais, oferecer tudo o que o dinheiro pode comprar se tornou, para muitos pais, uma forma equivocada de demonstrar afeto. Além disso, permitir que a criança tenha acesso ilimitado a recursos, experiências ou a tudo o que deseja, por medo da frustração, pode comprometer seriamente seu desenvolvimento emocional e sua capacidade de lidar com a vida real.
A neurociência do desenvolvimento tem mostrado que o cérebro humano se desenvolve melhor com base na interação entre afeto, segurança e limites respeitosos. A frustração, desde que vivida com o apoio emocional dos pais, é um elemento fundamental para o fortalecimento da tolerância, da autorregulação e da construção de resiliência. Quando uma criança escuta um “não” de maneira firme e respeitosa, ela aprende que o mundo não gira ao redor de suas vontades e que o outro também existe com seus próprios limites, desejos e necessidades. Isso é um processo que vai sendo estabelecido junto com o desenvolvimento do cérebro da criança.
Crianças que crescem sem ouvir “não” e sem limites claros correm o risco de desenvolver baixa tolerância à frustração, dificuldade em adiar recompensas, comportamentos impulsivos e uma sensação inflada de autoimportância. Em médio e longo prazos, isso pode gerar desafios sociais, acadêmicos e até relacionais, já que a vida adulta inevitavelmente impõe frustrações, esperas e limites naturais.
Colocar limites não é punir, reprimir ou envergonhar. É educar. É mostrar que amor também significa ensinar. E ensinar, por sua vez, envolve apresentar a realidade: nem tudo será do jeito que se quer, na hora que se deseja, do modo que se imagina. Crianças que aprendem a lidar com o “não” em casa, com amor e clareza, crescem mais preparadas para lidar com o “não” da vida e com as frustrações que todos inevitavelmente enfrentamos.
É essencial que os pais entendam que, ainda que tenham condições financeiras de oferecer muito, é igualmente importante dizer: “isso, não agora” ou “isso não é necessário”. Ensinar a esperar, cuidar, compartilhar e valorizar o que se tem é um presente que dinheiro nenhum compra.
O cérebro da criança precisa de experiências estruturantes, e os limites com respeito são como trilhos emocionais que ajudam a organizar o mundo interno dela. Como afirma a psicologia do apego, a segurança emocional não vem de um “sim” constante, mas da previsibilidade, da presença afetiva e da coerência entre o que se diz e o que se faz.
Por isso, pais, lembrem-se de que, ao dizerem “não” quando necessário, vocês não estão tirando algo da criança, mas oferecendo algo muito maior: uma base sólida para a vida.”