George Floyd, nos Estados Unidos e o conjunto dos antecedentes raciais brasileiro construíram o ponto de inflexão que a morte de João Alberto, no Carrefour de Porto Alegre, transbordou e cimentou como a nova percepção e os novos juízos sobre o racismo na sociedade e no ambiente empresarial. Juntos operam mudanças definitivas e instituiu um novo paradigma, o novo normal no tratamento das relações com as causas e ocorrências raciais que impactam as empresas, sua cadeia de relacionamentos, e, de maneira temerária, maximiza e amplifica os riscos empresariais.

Antevendo esse futuro, dezenas de empresas juntaram-se à Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial para construir coletivamente, o mapa da estrada e impedir que o racismo ou viés inconsciente, produzisse os danos potencialmente explosivos como anunciava a conjuntura da época. De maneira compartilhada definiram a inegociabilidade com a prática racista, e de que, o combate de suas manifestações, além de integrar o planejamento estratégico e se estender aos ecossistemas, deve ser tarefa de todos; principalmente — e obrigatoriamente – liderada e incensada pelo presidente.

O Carrefour pode sentir diretamente na pele e literalmente no bolso, a potência dessa nova configuração. O assassinato do cidadão negro João Alberto, por seguranças e funcionários de sua loja em Porto Alegre, somados o acordo pré – judicial de reparação de danos, indenizações e os fundos de apoio, alcançou a fantástica soma de 180 milhões de reais – a maior reparação racial empresarial da história da América do sul.

Mas, o Carrefour, ensina também que o caos pode ser o motivador de criação e mudança. A forma limpa e transparente como tratou a questão, o reconhecimento de um grave crime de racismo e a criação de um Comitê de crise independente de experts negros, reverteu às hostilidades iniciais e devolveu parte da confiança. Depois, a internalização e qualificação em letramento racial de toda a segurança e cadeia de relações, o amparo e o pagamento antecipado de indenização à família, e a construção de uma agenda antirracista positiva com a contratação de 30 mil negros, 70 mil bolsas de estudos no ensino superior para negros, acabaram por produzir uma percepção de correção e justiça e ganhou crédito junto à sociedade e autoridades.

O episódio no seu conjunto deixa um legado valioso e instrutivo: é imperativo conhecer, apreender e construir as melhores técnicas e estratégias para encarar, combater e vencer o desafio do racismo empresarial. Sem isso, perdem
todos. Por isso, como bem afirmou o Carrefour no seu Slogan: Não vamos esquecer!