José Osvaldo de Faria, de 66 anos, morreu nesta quarta-feira (15) após 500 dias internados no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte (MG). Ele é a nona vítima a morrer por intoxicação, após beber cervejas da marca Backer. As informações são do jornal Estado de Minas.

De acordo com a mulher de José, Eliana Reis, o homem tomou a cerveja em fevereiro de 2019 em seu sítio. Ele passou a se sentir mal e foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). No fim de junho deste ano, ele chegou a ser transferido para o quarto.

Conforme o hospital, durante o tratamento, José teve cinco paradas cardiorrespiratórias, nove pneumonias, perdeu completamente a visão e estava com paralisia nas pernas e na face. Segundo a família, os advogados deles procuraram a Backer diversas vezes para ajudar no custeio do tratamento, mas a cervejaria nunca respondeu às solicitações.

 Investigação

Onze pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil de Minas Gerais por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, lesão corporal e contaminação alimentícia no inquérito que apura a intoxicação de ao menos 42 pessoas por dietilenoglicol após consumo da cerveja Belorizontina, da marca Backer.  Não houve pedidos de prisão.

De acordo com o inquérito, os técnicos da empresa são os principais responsáveis pela contaminação. Foram indiciados por homicídio culposo, lesão corporal culposa e contaminação de produto alimentar o chefe de manutenção e seis técnicos do setor de produção.

Três integrantes do comando da Backer foram indiciados por contaminação de produto alimentício e, dentro da legislação de Defesa do Consumidor, não dar publicidade a produto alimentar contaminado. Foi indiciado ainda testemunha que mentiu durante depoimento. Os nomes não foram revelados.

Segundo as investigações, o dietilenoglicol, utilizado no processo de externo de resfriamento da produção, vinha sendo lançado diretamente nos tanques que armazenavam a cerveja por rachaduras nos equipamentos.

Os primeiros casos de contaminação surgiram no ano passado. Ao longo das investigações, no entanto, ficou comprovado que o vazamento ocorria desde 2018. “O que ocorreu foi acidental, mas passível de punição”, afirmou o delegado Flávio Grossi, responsável pelas investigações.

Por meio das investigações, ficou comprovado que a empresa não seguiu manuais das fábricas dos equipamentos utilizados na produção e aplicaram produtos não previstos para o resfriamento da cerveja. O correto seria a utilização de álcool.