Casares justifica venda de joias da base do São Paulo: ‘Momento de necessidade’

Julio Casares, presidente do São Paulo, explicou em entrevista à ESPN os motivos que levaram o clube a negociar diversos jogadores da base nos últimos meses. Segundo ele, a decisão foi tomada pela “necessidade” de equilibrar as contas diante da crise financeira enfrentada pelo time paulista.

“O São Paulo vive um momento de recuperação financeira, de necessidade. É uma questão difícil, mas que está melhorando. O clube precisa vender jogadores. Claro que temos que manter um time competitivo, mas quando há um jovem sem minutagem adequada e que dificilmente terá oportunidades, temos a responsabilidade de tomar decisões. Afinal, é preciso pagar salários, custos operacionais, manter o gramado, o estádio e toda a estrutura dos CTs”, disse o dirigente.

Até agora, a diretoria já abriu mão de seis atletas da base. O mais recente foi Henrique Carmo, vendido ao CSKA, da Rússia, por seis milhões de euros fixos (cerca de R$ 32,5 milhões), com possibilidade de mais um milhão de euros em bônus por metas. A negociação foi alvo de críticas de torcedores, que consideraram o valor baixo. “Claro que gostaríamos que fosse de dois dígitos (em euros), mas fizemos o melhor possível”, justificou Casares.

Henrique assinou contrato de três anos com o clube russo e viajou nesta terça-feira para Moscou, onde realizará exames médicos. Seu vínculo com o São Paulo iria até o fim de 2028. Antes, o PSV, da Holanda, havia demonstrado interesse pelo empréstimo do jogador, mas a negociação não avançou.

“No caso do Henrique, ele já havia sido alvo de proposta de empréstimo do PSV, mas conseguimos segurá-lo. Conversamos com pais e empresários, mas eles queriam a transferência. Recebendo essa proposta, que foi a única, fizemos o melhor possível, sempre com a convicção de que precisamos equilibrar o clube financeiramente”, acrescentou Casares.

Em sua despedida, o jogador de 18 anos ressaltou que a saída foi motivada por seu desejo de atuar na Europa. “Estou muito feliz por esse momento. Estou aqui há 11 anos e quero agradecer ao clube por tudo. Hoje pedi ao presidente Júlio e ao diretor Belmonte para que me vendessem, porque esse é meu sonho e estou podendo realizá-lo”, declarou.

Henrique se juntará ao meia Matheus Alves, outro atleta da base negociado com o CSKA por seis milhões de euros, cerca de R$ 37,9 milhões na cotação da época. Além deles, também deixaram o clube William Gomes, vendido ao Porto por R$ 55 milhões; Lucas Ferreira, ao Shakhtar Donetsk por R$ 50,6 milhões; Ângelo, ao Strasbourg por R$ 32,2 milhões; e Luiz Henrique, ao Real Múrcia, da terceira divisão espanhola.

O São Paulo fechou 2024 com dívida de R$ 968,2 milhões – aumento de 45% em relação a 2023 – e déficit de R$ 287 milhões. Recentemente, o clube ainda sofreu transfer ban por valores devidos ao Cerro Porteño pela compra de Bobadilla.

“O São Paulo não pode mais experimentar déficit. Isso já aconteceu, até mesmo quando ganhamos a Copa do Brasil em 2023. Claro que aquela conquista foi importante, mas perdemos a oportunidade de vender o Pablo, que se contundiu, e o próprio Nestor. A venda do Henrique e dos demais era extremamente necessária”, concluiu Casares.