SÃO PAULO, 01 FEV (ANSA) – Um casal de brasileiros foi preso na semana passada em Miami, sob a acusação da Justiça norte-americana de receberem lucros com a organização do transporte ilegal de imigrantes para os EUA. Na última terça-feira (23) o casal compareceu a uma audiência inicial, na qual a juíza responsável pelo caso, Mindy Glazer, determinou que eles poderiam ser transferidos para prisão domiciliar após o pagamento de US$ 300 mil (R$ 950 mil) de fiança cada um.

Eduardo Pereira, 49 anos, e sua esposa, Marcia Tiago, 48 anos, gerenciavam um esquema que lavou mais de US$ 8 milhões vindos de rede de coiotes, como são conhecidas as pessoas em transporte ilegal em condições perigosas. Os dois tinham quatro empresas apenas de fachada no país, criadas especialmente para lavar e introduzir no sistema bancário americano os lucros recebidos. Mantinham cúmplices nas empresas nas áreas de construção civil e limpeza para o processo de lavagem de dinheiro.

A Força-tarefa de Lavagem de Dinheiro do Condado de Broward, na Flórida, ficou responsável pela investigação do caso. O mandado de prisão do casal afirma que os dois respondem por acusações de lavagem de dinheiro e por envolvimento em negócios não licenciados. O marido e sua mulher lavaram US$ 3,6 milhões em 2015, US$ 4,5 milhões em 2016 e US$ 170 mil no ano passado, “por meio de pagamentos aparentemente inócuos por bens e serviços em uma tentativa adicional de esconder a fonte dos fundos ilícitos”, de acordo com o documento da polícia norte-americana.

A organização na qual o casal trabalhava era comandada por um brasileiro também, Vantuir De Sousa, que cumpre prisão domiciliar no Brasil pelos crimes de contrabando para os EUA. As rotas escolhidas pelos dois para levar os imigrantes ilegais eram de barco do Caribe até o sul da Flórida, isso porque os brasileiros não precisavam de visto para visitar as ilhas da região. Depois eram transportados, para Nova Jersey ou para a Pensilvânia.

Eles foram responsáveis por um barco que ficou perdido no mar em novembro de 2016, entre os quais dois capitães e 17 ”passageiros” que entrariam ilegalmente nos Estados Unidos. Eduardo e Marcia vão participar de um novo julgamento no dia 22 de fevereiro em Miami.

As autoridades brasileiras se negaram a fornecer mais informações sobre o caso ou sobre a situação do casal nos Estados Unidos e se limitaram a dizer que estão “acompanhando a prisão dos brasileiros, a exemplo do que é feito nas situações envolvendo detenção de nacionais”. (ANSA)