Casa Rosada afirma não ter recebido pedido de asilo político de Bolsonaro

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Uma autoridade do governo argentino negou à “Reuters” nesta quarta-feira, 20, que o gabinete de Javier Milei tenha recebido um pedido de asilo político de Jair Bolsonaro (PL). Um relatório da PF (Polícia Federal) apontou que um documento de 33 páginas sem data e assinatura encontrado no celular do ex-presidente indica que ele teria cogitado a possibilidade de deixar o Brasil.

De acordo com as autoridades, o documento, uma carta endereçada a Milei, foi salva no aparelho de Bolsonaro em fevereiro de 2024, dois dias após o passaporte do ex-presidente ser confiscado. Não está claro se o rascunho foi de fato enviado ao chefe de estado da Argentina.

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“De início, devo dizer que sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos. No âmbito de tal perseguição, recentemente, fui alvo de diversas medidas cautelares”, diz a carta.

Segundo a PF, embora se trate de um documento sem data e assinatura, revela que o réu “planejou atos para fugir do país, com o objetivo de impedir a aplicação de lei penal”.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu prazo de 48 horas para a defesa de Jair Bolsonaro prestar esclarecimentos sobre o documento de pedido de asilo político encontrado pela PF no celular do ex-presidente.

O indiciamento dos Bolsonaro

O ex-presidente e seu filho foram indiciados em um inquérito que apura a atuação de ambos para obstruir a Justiça na investigação de uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, pela qual Jair é réu no STF e pode ser condenado a até 43 anos de prisão. Ambos foram indiciados por coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O inquérito investiga a ida de Eduardo para os Estados Unidos, em março de 2025, com o objetivo declarado de articular reações da Casa Branca à atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos contra o pai na corte.

Desde que o deputado licenciado está em solo americano, o presidente Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros enviados ao país, revogou vistos de Moraes e aliados e enquadrou o magistrado na Lei Magnitsky. O ex-presidente entrou no processo após financiar a ida do filho para o exterior.