Casa Branca ataca Obama novamente em meio a escândalo Epstein

A Casa Branca voltou a atacar nesta quarta-feira (23) o ex-presidente democrata Barack Obama, acusando-o de “conspiração” contra o presidente Donald Trump, em uma nova tentativa de desviar a atenção da polêmica gerada pelo caso Jeffrey Epstein.

O primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos se tornou alvo do bilionário republicano.

Trump quer convencer parte de sua base a virar a página e parar de acusá-lo de falta de transparência por sua relutância em revelar detalhes sobre o caso Epstein, um financista milionário encontrado morto em 2019 na cela onde aguardava julgamento por crimes sexuais.

A chefe de inteligência de Trump, Tulsi Gabbard, declarou em entrevista coletiva na Casa Branca que Obama havia conduzido um “golpe de Estado que durou anos”. Foi, segundo ela, uma “conspiração traiçoeira contra o povo americano, nossa República, e uma tentativa de minar o governo do presidente Trump”.

Esse argumento retoma uma velha narrativa de Trump. O republicano acusa Obama, que esteve no poder de 2009 a 2017, e Hillary Clinton, candidata democrata nas eleições presidenciais de 2016, de disseminar informações falsas para difamá-lo sobre a possível interferência russa na campanha que o levou à Casa Branca pela primeira vez.

– “Provas irrefutáveis” –

Gabbard citou dados de inteligência recentemente desclassificados que, segundo ela, oferecem “provas irrefutáveis” de que Obama havia ordenado a manipulação das avaliações de inteligência para acusar a Rússia de interferência eleitoral com o objetivo de ajudar Trump.

O Departamento de Justiça anunciou que examinará essas alegações com a “máxima seriedade”.

Mas as alegações de Gabbard contradizem quatro investigações – penais, de contrainteligência e independentes – realizadas entre 2019 e 2023. Todas elas concluíram que a Rússia interferiu nas eleições e, de alguma forma, ajudou Trump.

Trump é conhecido por sua habilidade de sobreviver politicamente a escândalos, mas está tendo dificuldade para deixar o caso Epstein para trás.

O governo americano afirma que não há provas da existência de uma lista secreta de clientes desse amigo das celebridades e poderosos, mas o movimento trumpista “Make America Great Again” (“Faça os Estados Unidos Grandes de Novo”), mais conhecido por sua sigla em inglês MAGA, não está nem um pouco convencido disso.

Quer que Trump cumpra sua promessa de campanha e publique os arquivos do caso.

A situação se complicou ainda mais para o presidente quando o Wall Street Journal atribuiu a ele uma carta endereçada a Epstein por seu aniversário em 2003.

Trump nega tê-la escrito e entrou com um processo contra o jornal, que afirmou nesta quarta-feira que a procuradora-geral Pam Bondi informou, em maio, ao presidente que seu nome aparece diversas vezes nos arquivos de Epstein.

O porta-voz de Trump, Steven Cheung, classificou isso como “notícia falsa” e afirmou que Trump havia rompido com Epstein há muito tempo e o “expulsado de seu clube por ser um canalha”.

Enquanto isso, os democratas aumentam a pressão.

Os líderes republicanos da Câmara dos Representantes enviaram os congressistas de férias nesta quarta-feira para um recesso de seis semanas, com o objetivo de evitar que os democratas os forcem a realizar votações politicamente incômodas sobre o caso.

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