DETIDO Nuzman ao ser preso pela Polícia Federal: patrimônio incompatível (Crédito:Bruno Kelly/ REUTERS)

Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) por mais de duas décadas e do Comitê Rio 2016, o ex-jogador de vôlei Carlos Arthur Nuzman, 75 anos, ficou rico graças ao esporte – só que jogando fora das regras. Na manhã da quinta-feira 5, ele foi preso por agentes da Polícia Federal em um desdobramento da Lava Jato, a operação Unfair Play (algo como “jogo sujo”), que investiga a compra de votos para eleger o Rio como cidade olímpica. Além de Nuzman, foi preso Leonardo Gryner, ex-diretor de marketing e comunicação da candidatura do Rio a sede dos Jogos. As prisões foram decretadas com base em uma investigação conjunta do Ministério Público Federal e do Ministério Público de Paris. Os investigadores rastrearam voos dos brasileiros par a África e mensagens trocadas por ambos com o senegalês Papa Massata Diack, filho do ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack. Com direito a voto no Comitê Olímpico Internacional (COI) para escolha da sede dos Jogos, Lamine é acusado de receber propina para favorecer o Rio. A transação foi feita pelo filho. “Meu banco Societé General de Senegal ainda não recebeu nenhuma transferência SWIFT de sua parte. Eu tentei falar com Leonardo Gryner diversas vezes mas não houve resposta”, escreveu Papa a Nuzman. Em uma mensagem com título “Rio-2016”, Gryner se desculpa: “Estamos trabalhando todos os dias para finalizar essa operação. (…) Queremos confirmar uma vez mais que vamos cumprir nosso acordo como combinado”. O valor total da propina chegou a US$ 2,5 milhões. Na sexta-feira 6, o COI anunciou uma suspensão provisória do COB e o afastamento de Nuzman de suas funções no órgão.

OURO NA SUÍÇA

Nos últimos dez anos à frente do COB, o patrimônio de Nuzman cresceu 457%. “Enquanto os medalhistas olímpicos buscam a sua tão sonhada medalha de ouro, dirigentes do Comitê Olímpico guardavam o seu ouro na Suíça”, afirmou a procuradora da República Fabiana Scheinneder, referindo-se a 16 barras de ouro que Nuzman declarou manter em um banco suíço. Segundo a procuradora, o ouro corresponde a um total de R$ 2 milhões — cuja origem o dirigente não soube comprovar. Há um mês, o juiz federal Sergio Bretas havia decretado o bloqueio dos bens de Nuzman ao obter indícios de ele fazia parte de uma organização criminosa instalada no governo do Rio sob o comando do ex-governador Sérgio Cabral, que está preso.