Os sete criminosos mortos em confronto com a Polícia Militar na noite de quarta-feira, 28, em Campinas, foram denunciados por pessoas que conheciam os planos de ataques e roubos a bancos. Uma carta anônima foi enviada para o Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep) dando detalhes da operação. Além do saldo de sete mortos e um ferido, foram apreendidos veículos roubados, armamentos, munições e 150 bananas de dinamites.

O tenente-coronel Marci Elber Maciel Rezende da Silva, comandante da corporação, disse que, apesar de a Polícia Militar não fazer investigação – que compete à Polícia Civil -, sua equipe passou a apurar a veracidade das informações. A carta informava que os bandidos fariam um percurso por estrada para fugir das câmeras. Ele reuniu dois pelotões do Baep e o serviço de inteligência confirmou que havia um comboio de carros suspeitos seguindo do bairro em direção à Rodovia Dom Pedro I. A intenção da quadrilha era explodir agências bancárias na cidade de Joanópolis.

O comandante do Baep levou para a estrada do Distrito de Joaquim Egídio pelo menos 40 homens, que se abrigaram em região de mata. Duas viaturas foram utilizadas para bloqueio. Soldados deram ordem de parada para um veículo Strada (produto de roubo em agosto de 2017). Mas os criminosos não respeitaram a ordem e furaram o cerco, quando teve início a troca de tiros. Logo atrás vinha um veículo Captur (roubado no dia 24 de fevereiro, em Louveira), de onde desceram vários homens também atirando contra os policiais, com armamento pesado.

“Nós agimos contra a ofensiva e tivemos sorte de não ter nenhum policial ferido”, comentou o coronel Marci. “Os policiais revidaram à injusta agressão e dois fugiram para o mato feridos. Na manhã desta quinta-feira, 1º, encontramos um (bandido) baleado na perna e no braço, que pedia socorro”, disse. O preso é Alessandro Bernardo, de 34 anos. Seis dos mortos tinham passagens criminais e eram da região de Campinas.

O delegado Roberto Daher, do 4º Distrito Policial da cidade, disse que agora vão ser feitas investigações para saber quem mais participava do bando e quais bancos os criminosos roubaram. Existem suspeitas de que essa quadrilha atacou agências nas cidades da região e do Sul de Minas Gerais. A PM informou que um carro conseguiu fugir e que a Polícia Civil tentará identificar os comparsas.

Dentre os armamentos apreendidos com os criminosos havia fuzis, metralhadoras, espingardas, pistolas, revólveres e várias sacolas de munições de grosso calibre, além de 150 bananas de dinamites com detonadores. Foi necessária a presença de equipes especializadas do Esquadrão de Bombas para remoção do material.

O coronel Marci afirmou que os bandidos estavam preparados para o “tudo ou nada”. Os criminosos que reagiram à abordagem, além de portarem forte armamento, trajavam roupas comumente utilizadas nos delitos de roubo a bancos e caixas eletrônicos, como botas táticas, coletes balísticos, máscaras de oxigênio e de disfarces, calças táticas, luvas e trajes de borracha.

Armamentos apreendidos. De acordo com o coronel Marci, foram apreendidos após o confronto duas metralhadoras 40mm, uma metralhadora 9mm, uma metralhadora 45mm, duas espingardas calibre 12, duas pistolas calibre 45, duas pistolas calibre 9mm, um revólver calibre 38, farta quantidade de munições de todos esses calibres e também de 50mm, dois coletes balísticos, uma bolsa com 150 dinamites, materiais de detonação, 1m30 de estopim de segurança, 13 detonadores, 26 cartuchos de emulsão explosiva e os carros roubados Strada e Captur.

Criminosos identificados

Os criminosos identificados na quadrilha são Bruno Alves de Souza (processado por ameaça de morte em 2007), Marcos Paulo Correia de Melo, de 24 anos (tráfico, roubo e porte de material explosivo), Davirlan Tenório dos Santos, de 34 anos (ameaça), Ronaldo Antunes (porte de arma – espingarda -, fuga de penitenciária, uso de documento falso e roubo de carro) e Itamar Gomes de Lima, de 29 anos (tentativa de homicídio). Além do preso baleado na perna e braço, Alessandro Bernardo, de 34 anos, por passagem por receptação.

Os corpos dos mortos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) de Campinas.