Escrita de próprio punho na cadeia, em Curitiba, e posteriormente entregue a seus advogados para ser transformada em três páginas digitadas, a carta assinada pelo ex-ministro Antonio Palocci cita sete casos investigados pela Operação Lava Jato que têm entre os alvos os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O texto no qual o ex-ministro pede sua desfiliação do PT foi encaminhado à presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), na terça-feira, 26, no dia em que o ex-ministro completou um ano preso.

De forma direta e indireta, o texto sugere ter havido corrupção nos casos do sítio de Atibaia, triplex do Guarujá (caso em que o ex-presidente foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão), apartamento de São Bernardo, terreno e doações financeiras ao Instituto Lula, doações ao partido e às campanhas e detalha a suposta cobrança explícita de propinas pelo ex-presidente nos negócios da Petrobras no pré-sal.

A carta de Palocci foi uma resposta ao PT, que deu início ao processo de expulsão da legenda após ele ter incriminado Lula em depoimento à Justiça no dia 6 de setembro.

O texto foi escrito pelo próprio Palocci entre terça e quarta-feira, depois de o PT de Ribeirão Preto instaurar uma comissão de ética para apurar a conduta do ex-ministro. Na cadeia, Palocci entregou o rascunho aos seus advogados, que passaram o fim de semana tentando decifrar a caligrafia tortuosa “de médico” do ex-ministro e, por fim, chegaram à versão final.

Uma das preocupações os advogados foi não revelar crimes que fazem parte das negociações que Palocci tem feito desde maio com o Ministério Público Federal para fechar acordo de delação premiada. Já são quase 50 anexos.

Tijolo

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No PT, além do forte impacto causado pelo conteúdo, considerado mais um tijolo na parede que pode separar Lula da candidatura presidencial de 2018, a carta de Palocci provocou discussões internas sobre os erros cometidos no processo de punição ao ex-ministro. Alguns dirigentes criticaram a falta de coordenação entre as instâncias municipal, estadual e nacional. Alegam que não se poderia ter dado tempo e espaço para Palocci disparar contra Lula e o partido ao instaurar a comissão de ética e determinar a suspensão em vez de expulsar o ex-ministro sumariamente da legenda, apesar de o estatuto partidário ser dúbio em relação à medida extrema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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