Maurício Eça codirigiu Carrossel, o 1, e assina sozinho Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina. Quando conversou com o repórter, sentia o peso da responsabilidade. Depois que o primeiro exemplar da franquia estourou e fez 2,6 milhões de espectadores, o mercado lhe cobrava um segundo filme que repetisse e até superasse os números superlativos do primeiro. Carrossel 2 estreou na quinta, 14, em 850 salas de todo o País. No dia 7, pré-estreou em 500 salas e faturou no fim de semana 314 mil espectadores. O 1 havia feito 156 mil no mesmo período de pré-estreia, segundo a distribuidora Paris Filmes.

Eça pode começar a relaxar – em termos. Ainda está longe dos blockbusters de Hollywood. Procurando Dory fez 1,07 milhão de espectadores no fim de semana (acumula 3,8 milhões) e o novo Era do Gelo fez 1,02 milhão no primeiro fim de semana. Isso, sim, é megassucesso, mas Eça continua mostrando que o infantil brasileiro é viável no pós-Trapalhões e Xuxa. Basta comparar os números de Carrossel 2 com o fracasso injustificado de um belo filme como o infantojuvenil Escaravelho do Diabo. O problema é de mercado como um todo. Tem havido rejeição do público a filmes médios brasileiros de qualidade e até a blockbusters como o Porta dos Fundos.

Só ser franquia não resolve. O público tem de gostar. Dessa vez, Eça diz que seu desafio foi ainda maior. “O filme anterior era mais fofucho, era o filme das crianças. Agora, elas cresceram. Tem moleque no filme que tem mais cabelo debaixo do braço que eu. A consequência é que tudo mudou. Nossa aventura ficou mais ágil, acontece muito mais coisas. Dessa forma, quero crer que estamos ampliando nosso público, sem perder o anterior.” Na trama de Carrossel 2, as crianças ficam famosas com um clipe na internet e chamam a atenção de uma estrela da música. A nova fama adquirida produz conflitos internos no grupo e, para complicar, Gonzalez e Gonzalito saem da prisão e sequestram a Maria Joaquina.

“Por bobos que pareçam os conflitos infantojuvenis para quem é adulto, quem não os viveu?”, pergunta o diretor. “Por isso acho que, tratados na medida certa, esses temas são sempre interessantes e universais. Não é à toa que a franquia é universal.”

Na verdade, a novela do SBT teve origem no México, com a Televisa, que detém os direitos. Eça admite que até gostaria de fazer um terceiro filme, mas teria de ser correndo. “Eles já são pré-adolescentes, e agora teria de mudar mais ainda, mas não sei se a detentora dos direitos iria aprovar. De qualquer maneira, daqui a dois anos esses garotos já estarão homens e o encanto da fábula se terá quebrado.” O que Eça garante, e isso você pode conferir, é que houve empenho da equipe toda para fazer um produto bem-feito. “A gente caprichou. Em todos os setores, houve muito mais apuro que no primeiro filme. É normal, quando se trabalha com mais recursos.”

O diretor só tem elogios para seu elenco. Miá Mello veste a pele da vilã (leia a entrevista). Paulo Miklos e Oscar Filho contracenam de novo formando os vilões atrapalhados. “O Oscar tem mais falas, mas o importante é a química entre os dois. No set, divertiam a equipe toda, espero que divirtam o público também.” E Larissa Manoela, que faz Maria Joaquina? “Cara, essa menina é gênio. Só espero que continue assim.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.