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Quando os artistas cubanos Marco Castillo, Alexandre Arrechea e Dagoberto Rodriguez começaram a trabalhar em La Havana no início dos anos 1990, a arte contemporânea internacional vivia a retomada de uma visão conceitual de mundo – depois de uma década de soberania da pintura. O trio ficou conhecido por Los Carpinteros, em virtude de sua empatia com técnicas mais físicas que mentais. Chamavam a atenção especialmente suas aquarelas em grandes dimensões, e uma carpintaria suis generis e subversiva, interessada em testar os limites do material e da razão e funcionalidade dos objetos. Hoje, diante de mais de 20 anos de carreira deste célebre trio que virou dupla (desde 2003 formado por Castillo e Rodríguez), fica claro que a os ofícios manuais de Los Carpinteros estão a serviço de intuitos políticos e críticos, portanto conceituais.

A exposição “Los Carpinteros: Objeto Vital”, em cartaz no CCBB-SP até outubro e depois itinerante por Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, é uma grande oportunidade de visualizar e compreender a totalidade e complexidade desse percurso. São mais de 70 obras, entre desenhos, aquarelas, esculturas, instalações e vídeos, revelando verdadeiras joias como os móveis de madeira em forma de edifícios, as construções com legos, ou os instrumentos musicais em metamorfose, como “Nueve Tambores Cuadrados” (2011) e “Cuatro Guitarras” (2015), em que as fases da lua são representadas pelas esferas abertas em quatro violões. PA