Carol Peixinho: quais as chances de conseguir engravidar aos 40 anos?

Após os 35 anos, há uma redução no número e na qualidade dos óvulos, o que torna as mulheres menos propensas a engravidar e com maior risco de abortos espontâneos

Carol Peixinho
Carol Peixinho Foto: Reprodução

Carol Peixinho falou sobre sua primeira gravidez de Bento, seu primeiro filho com o cantor Thiaguinho. A influenciadora e ex-BBB, aos 40 anos, disse ter engravidado naturalmente, apesar de ter congelado óvulos há dois anos.

“Engravidei no sétimo mês tentando. Para os médicos, é rápido. Mas, para uma mulher tentando pela primeira vez, parece uma eternidade. Existe a ansiedade, a vontade de que se realize logo, mas não é no nosso tempo. Minha médica falava que estava dentro do período de uma tentante saudável. Engravidei de forma natural, acompanhando e fazendo teste de ovulação”, contou Carol.

Thiaguinho e Carol Peixinho estão juntos desde o início de 2022. Em março de 2025, eles anunciaram a espera do primogênito. “Nosso amor transbordou e agora somos 3!!!”, dizia o texto, à época, compartilhado nas redes sociais.

Thiaguinho e Carol Peixinho esperam primeiro filho — Foto: Bruno Soares

Com a notícia de que Carol Peixinho será mamãe, uma questão foi levantada: a idade da famosa. Nos dias de hoje, a gravidez de mulheres após os 40 anos é algo bastante comum, mas pode apresentar riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. Contudo, com os avanços da medicina, as mulheres têm, cada vez mais, a possibilidade de ter uma gestação saudável e natural, realizando, assim, o sonho de ter um filho.

De acordo com o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, toda gestação após os 35 anos é considerada de alto risco, devido à idade materna avançada. Tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento, a incidência de gestações em mulheres de 35 anos ou mais aumentou significativamente, seja por concepção natural ou por fertilização in vitro. Atualmente, os riscos têm sido reduzidos graças ao maior acesso ao pré-natal e à melhoria dos cuidados com a saúde da mulher.

Além da ex-BBB, nomes como Gisele Bündchen, Claudia Raia, Fernanda Lima, Ivete Sangalo, Leandra Leal, Sabrina Sato, Viviane Araújo, entre outras personalidades, também optaram por uma gravidez tardia.

O que os médicos dizem sobre isso?

É de conhecimento geral que um dos fatores de maior impacto nas chances de gravidez é a idade da mulher, já que ela nasce com uma quantidade pré-determinada de óvulos, que sofre uma diminuição considerável também na qualidade com o passar dos anos. Então, quais são as reais chances de gravidez nessa idade?

“As chances de gravidez caem consideravelmente após os 35 anos e reduzem de forma extremamente abrupta a partir dos 38, 39 anos. Para se ter uma ideia, enquanto a chance de gravidez em um ano de tentativas é de 96% aos 25 anos, é de 84% aos 35 anos; aos 40 anos, essa taxa cai para 55% e para 35% aos 43”, destaca o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo.

Segundo o especialista, com a idade, além da redução do número, os óvulos também sofrem uma diminuição na qualidade, o que torna as mulheres menos propensas a engravidar e com maior risco de abortos espontâneos.

“Uma mudança importante na qualidade do óvulo é a frequência de anormalidades genéticas chamadas aneuploidias (muitos ou poucos cromossomos no óvulo). Na fertilização, um óvulo normal deve ter 23 cromossomos, de modo que, quando fertilizado por um espermatozoide também com 23 cromossomos, o embrião resultante terá o total de 46 cromossomos. Mas, à medida que uma mulher envelhece, mais de seus óvulos passam a ter poucos ou muitos cromossomos. Isso significa que, se ocorrer a fertilização, o embrião também terá muitos ou poucos cromossomos. A maioria das pessoas está familiarizada com a Síndrome de Down, uma condição que ocorre quando o embrião tem um cromossomo extra. E a maioria dos embriões com muitos ou poucos cromossomos não resulta em gravidez ou resulta em aborto espontâneo. Isso ajuda a explicar a menor chance de gravidez e a maior chance de aborto em mulheres com mais idade”, esclarece.

Claro, isso não quer dizer que uma mulher mais velha não possa engravidar. Além de existirem exceções à regra, é possível também optar por técnicas de reprodução humana, como a Fertilização In Vitro (FIV).

“A FIV é um dos tratamentos de reprodução humana mais populares. No procedimento, o óvulo é fecundado com o espermatozoide em laboratório, formando o embrião que, após atingir certo grau de desenvolvimento, é transferido para o útero da mulher”, explica o especialista, que destaca que uma das vantagens da FIV está no fato de possibilitar a seleção de embriões saudáveis, sem alterações cromossômicas. “Na FIV, os embriões podem ser avaliados por meio de exames genéticos. Dessa forma, apenas os embriões saudáveis e que não apresentam alterações cromossômicas são selecionados e implantados novamente no útero, o que reduz significativamente o risco de aborto”, diz o Dr. Rodrigo da Rosa Filho.

Mas vale ressaltar que as taxas de sucesso também são afetadas pelo processo de envelhecimento, já que a idade do óvulo utilizado é que determina a chance de gravidez. “Para se ter uma ideia, a chance de gravidez na FIV com óvulo próprio, aos 44 anos, é de 5%, e aos 45 anos é menor que 1%”, explica o Dr. Rodrigo.

Então, para mulheres que desejam adiar a gestação e pretendem fazer uma Fertilização In Vitro no futuro, é indicado realizar o congelamento de óvulos, o que aumenta as chances de gravidez por FIV. “Mulheres com até 35 anos, se congelarem pelo menos 20 óvulos, têm chances de 80% de conceber pelo menos um filho. Se os mesmos 20 óvulos forem congelados entre os 35 e 37 anos, a chance de gravidez é de 65%. Já se o congelamento desses 20 óvulos for feito entre os 38 e 40 anos, a probabilidade de a mulher ter no mínimo um filho é de 55% a 60%”, diz o Dr. Rodrigo.

Caso a mulher não tenha realizado o congelamento dos óvulos, a solução é o tratamento conhecido como ovorecepção, que consiste no uso de óvulos doados para a realização da Fertilização In Vitro. “Através desse método, as chances de gravidez aumentam para cerca de 60% por tentativa, mesmo em mulheres que já apresentam uma idade mais avançada, com mais de 40 anos”, destaca o especialista.

Uma vez optado pela ovorecepção ou pelo uso de óvulos congelados, a Fertilização In Vitro ocorre como qualquer outra, com os óvulos sendo fertilizados em laboratório com os espermatozoides. “E, após atingirem certo estágio de desenvolvimento, o embrião é transferido para o útero”, conta o Dr. Rodrigo Rosa. Cerca de uma semana e meia a duas semanas depois que o embrião foi transferido, é feito um teste para verificar se ele aderiu ao útero. “Um simples exame de sangue, ou mesmo um teste de gravidez caseiro, detectará os níveis de gonadotrofina coriônica humana (HCG), um sinal de que você finalmente está grávida”, diz o médico. Com o teste positivo, inicia-se o período final de espera: as 38 semanas até o parto.

Gravidez em idade avançada: quais os cuidados?

De acordo com o Dr. Nélio Veiga Júnior, médico ginecologista e obstetra, Mestre e Doutor em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP), em gestações ocorridas em mulheres com 40 anos ou mais, os estudos já mostraram um aumento do risco de hipertensão arterial, diabetes, apresentação anômala (bebês pélvicos/transversos), aumento de gemelaridade devido ao maior uso de técnicas de reprodução assistida, aumento de partos por cesariana e mais casos de hemorragia pós-parto.

“As crianças também podem apresentar baixo peso ao nascer, e há um risco maior de parto prematuro. Quanto aos cuidados, a mãe deve manter uma dieta saudável e atividade física regular, rastrear diabetes e doenças cardiovasculares pré-gestacionais, considerar a realização da Triagem Não Invasiva (NIPT) e realizar ultrassonografias para detecção de anomalias fetais. Além disso, é necessário realizar ecocardiografia fetal e fazer os exames de rotina do pré-natal, incluindo o rastreamento de pré-eclâmpsia”, finaliza o Dr. Nélio.

Referências Bibliográficas

DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.

DR. NÉLIO VEIGA JUNIOR: Médico ginecologista e obstetra, Mestre e Doutor em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP). Atua em consultório privado e já foi médico preceptor no curso de Medicina da UNICAMP e médico pesquisador no Centro de Pesquisa em Saúde Reprodutiva de Campinas. Participa periodicamente de congressos, eventos e simpósios, além de ser autor de diversos artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais. CRM 162641 | RQE 87396.