O atacante uruguaio Gonzalo Carneiro será julgado nesta quinta-feira pelo Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD), em Brasília. O jogador pode pegar um gancho de até quatro anos por ter sido flagrado em exame antidoping positivo por uso de cocaína, em abril.

Carneiro está afastado preventivamente desde abril e não pode frequentar o CT do São Paulo. Ele teve contrato suspenso, mas o clube enviará um advogado para acompanhar o julgamento do caso. O atacante será defendido pelo advogado Bichara Neto, responsável pela defesa de Paolo Guerrero, do Internacional.

A punição de quatro anos é a máxima para esse tipo de caso. No ano passado, Diogo Vitor, jogador do Santos, recebeu um gancho de dois anos por ter usado cocaína.

Na época que foi pego no antidoping, Carneiro apresentava quadro de depressão. Mais tímido, o uruguaio tinha dificuldades para se relacionar no elenco do São Paulo. O empresário do jogador, Pablo Bentancurt, disse na época à rádio “Sport 890”, do Uruguai: “O garoto cometeu um erro. A depressão é um assunto complicado. Não sabia o que ele consumia. Pensava que era um cigarro”.

Neste cenário, o Estado conversou com Eduardo Cillo, psicólogo do esporte, que analisou os casos de depressão no futebol. Para o profissional, a rotina estressante e a falta de preparação adequada dos atletas influenciam no surgimento dos casos.

“O uso de substâncias lícitas ou ilícitas, mas com funções dopantes, recreativas e medicinal, é um problema social, ultrapassa os vestiários esportivos, tem muito a ver com o estilo de vida com pressão, ansiedade, oscilando para estado depressivos. Só que quando isso acontece no mundo esportivo, chama mais atenção porque são pessoas públicas e que trabalham com seus corpos, então parece ser um comportamento mais autodestrutivo ainda”, comentou o especialista.

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“O atleta tem uma rotina bastante estressante, principalmente no caso de jogador de futebol, porque o calendário dá poucas folgas e o jogador fica restrito ao convívio com colegas de time. A vida social tende a ser mais empobrecida. E é difícil lidar com esse contexto de alta exigência, ele gera ansiedade e estados depressivos, você perde muito mais do que ganha, só um time é campeão”, completou.


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