Com DJ, shows e pista de dança, festas privadas de carnaval são marcadas em várias cidades do País, em meio à segunda onda da covid-19. Os eventos escondem o local para evitar fiscalizações e há baladas que dizem funcionar como bar para afastar a suspeita de aglomeração. As informações sobre os eventos são divulgadas nas redes sociais, em aplicativos de mensagens ou por links secretos em plataformas de vendas.

A realização de eventos desse tipo é proibida em várias localidades e desaconselhada por autoridades de saúde, que temem aumento de infecções pela covid-19, como ocorreu em janeiro depois de festas de réveillon e Natal em todo o País.

Um evento previsto para hoje no Rio é anunciado por uma dessas plataformas de venda de ingressos na internet, mas o local não é informado. “Em breve vamos informar o local para retirada das nossas blusas personalizadas”, diz a descrição da festa, que promete seguir diretrizes para conter o coronavírus. Em Belo Horizonte, uma festa de pagode e axé, chamada Premiere Folia, com quatro cantores e um DJ, foi marcada para este sábado. O ingresso pode ser comprado em uma plataforma de venda de tíquetes, mas o local não é revelado para evitar fiscalizações. A cidade vetou bares e restaurantes no fim de semana e a realização de festas.

Em Vila Velha (ES), um evento privado anuncia três dias de festa, com música eletrônica. O primeiro começou ontem à noite com previsão de acabar só as 6 horas da manhã de hoje. As informações sobre o evento são repassadas pelo WhatsApp e a venda é feita por sistemas de pagamento como Pix ou Picpay.

“A gente tem limite de pessoas para o espaço, mas em relação à covid é complicado. O Espírito Santo está cheio de gente”, afirmou à reportagem o organizador do evento pelo WhatsApp, quando consultado sobre medidas de proteção contra a covid-19. “Vamos estar com álcool em gel em vários ambientes. Mas não temos como controlar as pessoas todas.” A cidade proibiu festas de carnaval.

“Todos os ambientes contêm álcool em gel e todos com o distanciamento”, garante a responsável pela reserva de mesas em uma casa de festas em Búzios, no Rio. Segundo os organizadores, o espaço, conhecido por promover baladas, vai funcionar em “formato de bar”, com “drinques, food, música e convidados, das 20 às 3 horas da madrugada”. Quem reserva a mesa mais cara – R$ 600 por pessoa – pode dançar na pista, que terá música eletrônica com Djs.

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Avisos do evento nas redes sociais pedem para curtir a música na mesa e respeitar o distanciamento. Mas festas no mesmo local em janeiro tiveram aglomerações, segundo registros nas redes sociais. A prefeitura de Búzios proibiu festas e eventos, como blocos e shows, no carnaval. Já os bares estão liberados com restrições.

Por todo o País, há opções de festas para o carnaval, apesar de a folia ter sido oficialmente cancelada pelas prefeituras para conter a disseminação do coronavírus. Há também eventos em hotéis. No Novotel do Leme, no Rio, haverá até “baile de máscaras” com DJ, de acordo com um flyer divulgado nas redes sociais. A festa foi confirmada pela recepção do hotel.

Procurada para comentar a realização do evento em meio à pandemia, a rede Accor, a que pertence o Novotel, não respondeu. A prefeitura do Rio disse que festas podem ser realizadas em hotéis desde que os estabelecimentos tenham alvará específico para boates. De qualquer maneira, devem cumprir normas sanitárias.

Operações

Ontem, a PM do Rio usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar um bloco clandestino de carnaval em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Em Magé, outra festa de rua foi interrompida com a chegada de PMs. Para tentar se antecipar às folias não autorizadas, o Rio monitora a divulgação de festas clandestinas nas redes sociais. Um bar na Barra da Tijuca, que faria a festa Salomé Folia, recebeu interdição cautelar e multa. Só ontem foram registradas 8 infrações sanitárias e administrativas, segundo a prefeitura. Das 24 barracas de praia fiscalizadas em Copacabana, 12 foram multadas por irregularidades.

Na capital paulista, que cancelou oficialmente o carnaval, a Polícia Militar deve reforçar as ações de fiscalização de estabelecimentos que descumprirem as normas. Um esquema especial, com 31 mil PMs, foi montado entre os dias 12 e 17, para ações no Estado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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