Sinceramente e sem meias palavras, estou me lixando para a saúde de Jair Bolsonaro, o ainda verdugo do Planalto. Se ele passa bem ou mal, adoece ou goza de plena saúde, para mim tanto faz como tanto fez. Preocupo-me, isso sim, com quem amo e me merece atenção, empatia e carinho (conhecendo pessoalmente ou não o envolvido).

A espetacularização e publicização da vida pessoal – e coletiva – é um fenômeno mais ou menos recente em termos históricos. A comunicação de massa, por meio escrito, data mais de 2 mil anos atrás com Júlio César (100-44 a.C.), imperador romano, e seu diário Acta Diurna, relatando feitos e conquistas militares, considerado o primeiro jornal do mundo.

Já o rádio surgiu apenas há pouco mais de 120 anos, em 1896, quando a primeira emissora foi fundada em Londres, por Guglielmo Marconi. No ano seguinte (1897), Oliver Lodge inventou o circuito elétrico sintonizado, possibilitando a mudança de sintonia. A TV apareceu na década de 1930 em diferentes países da Europa e nos Estados Unidos.

Tudo parecia calmo e tranquilo até que, no final dos anos 1980, especialmente após a segunda metade dos anos 1990, a partir de uma invenção da década de 1960 (versões dizem que foi militar, outras afirmam que foi acadêmica), chegou a internet, essa estupenda “Revolução Industrial” da nossa era, início de um verdadeiro novo mundo.

Como já enchi muito o saco do leitor – um defeito que tenho ao escrever e falar -, deixarei os demais detalhes de lado e partirei para o fenômeno “intranet”, que são as redes sociais. A partir da massificação das mesmas, a humanidade foi dragada para uma espécie de reality show, gostou do que viu e ouviu, e aceitou tornar-se protagonista dos dias atuais.

Subcelebridades e celebridades pipocaram, aqui e ali, em todos os campos, das artes ao esporte, passando, claro, pela política. Gente medíocre ganhou fama, fortuna e poder, tornando o mundo um lugar muito menos habitável e seguro. Sim, escrevi quase seis parágrafos para chegar em Carlos Bolsonaro e seu pai, Jair. Eu disse que é um defeito.

Mais sumido que nota de 100 reais do meu bolso desde que foi espancado eleitoralmente por Lula da Silva, o ex-meliante de São Bernardo, papai Bolsonaro fez como Arlindo Orlando e desapareceu, escafedeu-se. Ressurgiu timidamente dias atrás por alguns momentos e voltou a ganhar exposição através de suas feridas carnais.

O bolsokid Carluxo, arruaceiro disfarçado de vereador, expressão negativa destes dias de comunicação digital de massas, achou por bem fotografar e divulgar a perna do “mito”, carcomida por feridas horrendas causadas pela erisipela, infecção de pele que afeta a derme superficial, causando feridas avermelhadas, dolorosas e de difícil recuperação.

As redes, então, voltaram a falar do morto-vivo, e uma enxurrada de comentários cretinos e desumanos tomaram lugar: “e daí, não sou coveiro, vai chorar até quando”, e outras falas extraídas das próprias declarações do amigão do Queiroz, em passado recente, fazendo troça dos amigos e familiares das mais de 700 mil vítimas fatais da covid-19.

Sinceramente, não vejo o menor sentido em emular o mesmo comportamento selvagem do patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, compradas com panetones de chocolate e muito dinheiro vivo, mas compreendo perfeitamente quem o faz, e ainda que despreze tal atitude, não seria hipócrita de cobrar o contrário de milhões de pessoas.

Uma boa parte – não saberia dizer se maioria ou minoria – da sociedade brasileira, e diria mundial, padece de bom senso e razão já há muito tempo. Vejam os tiozões e tiazonas do zap, que pedem golpe militar como defesa da liberdade (oi?). Ou que falam em patriotismo, querendo separar a nação (o nordeste) e segregar parte do povo (os nordestinos).

Os tais bolsominions, que fazem chacota com a falta do dedo mindinho do chefão petista, agora não admitem que façam chacota com a doença do “Deus Sol”. Aplaudem a exploração vitimista do fato, feita pelo Carluxo, mas pedem discrição nos comentários a respeito. Ora, vão se catar todos vocês! Parecem – e são – um bando de loucos.