28/05/2018 - 10:59
O economista Carlo Cottarelli, designado nesta segunda-feira (28) pelo presidente Sergio Mattarella para tentar formar um governo técnico de transição, é ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI) e especialista em contas públicas.
Cottarelli, de 64 anos, ocupou importantes cargos no FMI e é conhecido como “o senhor Tesoura” pelos cortes aplicados em 2013 quando era comissário para a redução do gasto público a pedido do então primeiro-ministro de centro-esquerda, Enrico Letta.
O sucessor de Letta, Matteo Renzi, nomeou-o diretor-executivo da organização financeira para Itália, Grécia e Malta, entre outros países, cargo que ele deixou em outubro de 2017.
Desde então, é o responsável pelo Observatório para as Contas Públicas e, como tal, lançou várias advertências sobre o alto custo dos programas econômicos do Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema) e da direitista Liga, de Matteo Salvini.
– ‘Um ninguém’ –
Sua nomeação como chefe de Governo deflagrou a ira dessas duas forças políticas antissistema, que haviam acertado um pacto para governar, mas que se chocaram com o veto do presidente sobre sua proposta para o Ministério da Economia, depois de promover um eurocético como candidato.
Esse enfrentamento provocou uma crise inédita na Itália, depois que o encarregado de formar governo, Giuseppe Conte, de 53 anos, um total desconhecido simpatizante do M5E, renunciou ao cargo no domingo.
Para os críticos de Cottarelli, este economista representa o tipo mais duro da casta econômica: os “lobbies” das finanças e os grandes bancos.
“Um ninguém que trabalha para a finança internacional”, disse Salvini em um vídeo no Facebook.
“É um desses que pedem para cortar recursos para saúde, educação e agricultura, todo o contrário do que nós pensamos”, resumiu Luigi Di Maio, líder do M5E, aos seus militantes reunidos na periferia de Roma.
Especialista em finanças públicas, Cottarelli advertiu inúmeras vezes sobre os riscos de uma deriva financeira decorrente do “contrato de governo” adotado pela Liga e pelo M5E.
As medidas contidas no programa de governo pactado pelas duas formações antissistema custavam ao menos 150 bilhões de euros, calculou.
Graduado em Economia na Universidade de Siena (Toscana) e na London School of Economics, entrou para a seção Europa do FMI em 1988, depois de ter trabalhado seis anos no setor monetário e financeiro do Banco Central da Itália.
No FMI, ocupou o cargo de diretor de Assuntos Orçamentários, mas também trabalhou em uma série de programas de assistência para economias em dificuldades.
Quando a imprensa estrangeira lhe perguntou, em abril passado, sobre a possibilidade de se tornar ministro da Economia, respondeu com orgulho: “Por que não? É sempre uma honra servir ao próprio país. Mas, se se tratar de aumentar o déficit, não sou a pessoa adequada”, advertiu.