Caribe se recupera de furacão devastador, que se aproxima de Bermudas

Melissa, o pior furacão a passar pelo Atlântico em quase um século, segue enfraquecido nesta quinta-feira (30) em direção a Bermudas, após sua passagem devastadora pelo Caribe, que deixou 24 mortos no Haiti, e partes de Cuba e Jamaica em ruínas.

As previsões indicam uma redução das inundações nas Bahamas ao longo desta quinta, mas elas podem persistir em Cuba, Jamaica, Haiti e República Dominicana, informou o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

“As condições em Bermudas vão se deteriorar rapidamente esta tarde e noite”, disse o NHC, ao se referir à chegada de Melissa com ventos de 165 km/h a esse arquipélago no Oceano Atlântico.

Por outro lado, Bahamas suspendeu o alerta de furacão.

Melissa passou pela Jamaica na terça-feira e por Cuba na quarta, com força descomunal.

“Este ciclone nos matou, pois nos deixou destruídos”, disse à AFP Felicia Correa, que vive no vilarejo de La Trampa, cerca de 20 km a leste de Santiago de Cuba.

“Já estávamos passando tremenda necessidade. Agora, claro que estamos muito pior”, acrescentou esta mulher de 65 anos.

Em El Cobre, próximo a La Trampa, era possível ouvir o som dos martelos: pessoas que perderam os tetos de seus casas tentavam repará-los com a ajuda de amigos e vizinhos, observou a AFP.

Em Cuba, a passagem de Melissa agravou uma situação socioeconômica que já era difícil devido à grave crise econômica que afeta o país há cinco anos.

A situação será difícil até que “deem o que tenham que dar, porque o Estado sempre ajuda”, diz Marvelia, funcionária de um estabelecimento que vende alimentos subsidiados.

Muitos acessos às comunicações e ao transporte seguem interrompidos. A avaliação completa dos danos pode levar dias.

– ‘Ajuda humanitária imediata’ –

As autoridades cubanas informaram que cerca de 735 mil pessoas foram evacuadas, especialmente nas províncias de Santiago de Cuba, Holguín e Guantánamo.

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, viajou à província de Holguín, uma das mais afetadas pelas inundações.

Os Estados Unidos informaram que estavam em contato com os governos de Jamaica, Haiti, República Dominicana e Bahamas. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, declarou que equipes de resgate e resposta estavam a caminho.

Rubio incluiu depois Cuba, seu histórico rival ideológico, e afirmou que Washington está “preparado para oferecer ajuda humanitária imediata ao povo cubano afetado pelo furacão”.

O ministro das Relações Exteriores venezuelano Yván Gil anunciou o envio de 26 toneladas de ajuda humanitária a Cuba para apoiar a recuperação.

O Reino Unido anunciou uma ajuda de emergência de aproximadamente 3,3 milhões de dólares (R$ 17,7 milhões) para a região e informou que disponibilizará voos para facilitar a saída de cidadãos britânicos da Jamaica.

– 300 km/h –

Pelo menos trinta pessoas morreram na região devido à passagem do ciclone, algumas delas enquanto protegiam suas casas antes de sua chegada.

O coordenador humanitário interino da ONU para o Haiti, Gregoire Goodstein, informou que o número de mortos na ilha subiu para 24.

O diretor da Defesa Civil haitiana, Emmanuel Pierre, havia declarado anteriormente que pelo menos 10 crianças tinham morrido vítimas das inundações.

A potência de Melissa superou a de alguns furacões como o Katrina, que devastou a cidade de Nova Orleans em 2005.

Na Jamaica, o sistema de baixa pressão chegou na terça-feira com ventos sustentados de cerca de 300 km/h, tornando-se o mais potente a tocar o solo no país em 90 anos, segundo uma análise da AFP com base em dados meteorológicos da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

Em 1935, o furacão do Dia do Trabalho devastou o arquipélago de Florida Keys, nos Estados Unidos, com ventos também próximos a 300 km/h e uma pressão atmosférica de 892 milibares.

O primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, declarou o país como “zona de desastre”.

A devastação causada por Melissa na Jamaica atinge “níveis nunca vistos” na ilha, declarou na quarta-feira um representante da ONU no local.

Cientistas afirmam que as mudanças climáticas causadas pelos humanos intensificaram as grandes tempestades e aumentaram sua frequência.

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