Cerca de 30 pernas humanas trazidas dos Estados Unidos com fins educacionais estão retidas há um ano no aeroporto de Santiago, aguardando que a Suprema Corte decida se podem ser enviadas para as universidades, informou a autoridade sanitária.
A incomum importação dos membros foi realizada em setembro de 2024 pelo Centro Privado de Treinamento Médico-Cirúrgico (CEMQ), que presta serviços de capacitação e formação a profissionais da saúde.
No entanto, a carga não pôde sair do aeroporto internacional de Santiago, indicou nesta terça-feira (23) à AFP a subsecretária de Saúde Pública.
O caso veio à tona após a publicação de um artigo no jornal El Mercurio.
“A regulamentação vigente não contempla” a importação de amostras de cadáveres, uma vez que “os corpos destinados ao ensino e pesquisa devem provir de doações realizadas no Chile”, explicou a subsecretária.
O CEMQ não especificou se compraram os restos mortais ou se os receberam como doação.
Diante da recusa da autoridade sanitária em permitir a entrada, o centro recorreu à Justiça. O caso escalou até a Suprema Corte, que deve resolver a controvérsia este ano.
As faculdades de medicina utilizam os corpos não reivindicados nos necrotérios ou nos centros hospitalares. Também aproveitam as doações de cadáveres, menos frequentes.
Segundo um estudo de 2019 da Universidade Austral, a maioria das instituições de ensino superior no Chile enfrenta problemas para encontrar material para seus laboratórios de anatomia.
Isso ocorre devido ao “escasso número de doadores” e ao aumento das faculdades de medicina nas últimas décadas, aponta a pesquisa.
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