Cardeal volta a atacar política migratória de Trump e faz apelo

CIDADE DO VATICANO, 29 SET (ANSA) – O cardeal Robert McElroy, um defensor ferrenho de refugiados, voltou a fazer duras críticas contra a política migratória que “produz medo e terror” entre milhões de pessoas, introduzida pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.   

A posição do arcebispo de Washington contra a administração republicana é muito forte e praticamente sem precedentes entre os membros de alto escalão da Igreja Católica dos EUA. E isso ficou claro em sua homilia durante a missa na Catedral de São Mateus Apóstolo, por ocasião do 111º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, na noite do último domingo (28).   

“Nos últimos 110 anos, esta missa tem sido celebrada em todo o nosso país para homenagear e apoiar os imigrantes e refugiados que chegaram ao nosso país como parte desse fluxo de homens e mulheres de todas as terras que fizeram dos Estados Unidos uma grande nação. Mas este ano é diferente dos 110 anos que o precederam”, começou o cardeal, criado pelo falecido papa Francisco.   

Segundo McElroy, “este ano, enfrentamos ? tanto como nação quanto como Igreja ? um ataque sem precedentes a milhões de homens, mulheres e famílias imigrantes em nosso meio”.   

O cardeal ressaltou que todos estão “testemunhando um ataque governamental em larga escala, projetado para produzir medo e terror entre milhões de homens e mulheres que, por meio de sua presença em nosso país, cultivaram os laços religiosos, culturais, comunitários e familiares”.   

Para ele, este ataque “visa tornar a vida insuportável para imigrantes ilegais” e “está disposto a despedaçar famílias, separando mães enlutadas de seus filhos e pais de seus filhos e filhas que são o centro de suas vidas”, além de acolher como “dano cerebral o terrível sofrimento emocional infligido a crianças nascidas aqui, mas que agora enfrentam a terrível escolha de perder seus pais ou deixar o único país que já conheceram”.   

Em sua mensagem, McElroy destacou ainda que o governo norte-americano “está engajado ? por sua própria admissão e por meio das tumultuadas ações de execução que iniciou ? em uma campanha global para arrancar milhões de famílias e homens e mulheres trabalhadores que vieram para o nosso país em busca de uma vida melhor”.   

“Seu objetivo é simples e unificado: privar os imigrantes ilegais de qualquer paz verdadeira em suas vidas, para que, na miséria, eles se ‘autoexpulsem'”, enfatizou.   

Por fim, McElroy reiterou que, “como Igreja, devemos consolar e nos solidarizar pacificamente com os homens e mulheres indocumentados cujas vidas estão sendo destruídas pela campanha de medo e terror do governo”. “Como cidadãos, não devemos permanecer em silêncio enquanto esta profunda injustiça é perpetrada em nosso nome”, concluiu.   

Embora grande parte do episcopado americano, assim como a base católica do país, esteja longe de ser hostil a Trump, o cuidado pastoral com os migrantes e suas famílias tornou-se uma questão fundamental em todas as dioceses. Entre os bispos, no entanto, apenas McElroy tem se manifestado com termos tão duros. (ANSA).