Cardeal que desistiu de votar continuará em pré-conclave

VATICANO, 1 MAI (ANSA) – Condenado a cinco anos e meio de prisão por peculato, o cardeal italiano Angelo Becciu, que reivindicou seu direito a voto no conclave de 7 de maio e depois desistiu para “obedecer” ao papa Francisco, continuará participando das reuniões que antecedem a escolha do novo pontífice.   

Segundo relatos, o religioso será mantido nas congregações gerais de cardeais, cujo os problemas da Igreja Católica Romana são discutidos e as candidaturas são formadas.   

As congregações desta quinta-feira (1º) foram suspensas por ocasião do “Dia de São José Operário”, feriado no Vaticano, para os cardeais terem um momento de reflexão. As próximas sessões serão retomadas na sexta (2) e sábado (3). No domingo (4) também haverá uma nova pausa.   

“Misturado com o pesar de ver as páginas dos jornais repletas de fofocas gananciosas, superficiais e contraditórias sobre a delicada fase da escolha de um novo pastor para a Igreja universal, reconheço em meu coração um sentimento de estima e apreço pela postura sábia, sóbria e serena de dom Angelo, inclusive no gesto oficial de renunciar ao dever de participar do conclave para eleger o novo pontífice”, afirmou o bispo de Ozieri, na Sardenha, Corrado Melis, apoiador veemente de Becciu.   

Segundo Melis, “neste clima tão acirrado que gostaria de definir os limites dos adversários, enquadrar os lados e também as regras de um cabo de guerra entre “pró e anti Bergoglio”, emerge a certeza inabalável do afeto que o cardeal Becciu tinha pela pessoa do papa Francisco”.   

Com 76 anos, Becciu foi criado cardeal pelo próprio Francisco, mas caiu em desgraça devido a denúncias de mau uso dos recursos financeiros da Santa Sé na época em que ele era o “número 2” na poderosa Secretaria de Estado.   

O religioso foi processado por irregularidades na compra de um edifício em Londres com recursos do Óbolo de São Pedro, sistema de arrecadação de donativos da Igreja Católica usado para obras de caridade, não para investimentos especulativos, e em doações para um projeto beneficente administrado por um irmão.   

Em setembro de 2020, o Papa demitiu o italiano do cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e revogou os direitos associados ao cardinalato, inclusive o de votar em conclaves.   

Já em dezembro de 2023, Becciu foi condenado no Vaticano a cinco anos e meio de prisão por peculato.   

Nos últimos dias, porém, alegava ter direito de participar do conclave porque nunca houve “uma vontade explícita” de barrá-lo e que jamais foi pedido a ele que renunciasse aos privilégios do cardinalato, mas acabou recuando e desistiu. (ANSA).