BELMONTE DEL SANNIO, 17 SET (ANSA) – Considerado um dos líderes da frente “conservadora” da Igreja Católica, o cardeal alemão Gerhard Ludwig Muller afirmou que “atos homossexuais são um pecado mortal” e enfatizou que as bênçãos para casais homoafetivos, autorizadas pelo papa Francisco, são um mal-entendido que deve ser corrigido.
As declarações foram dadas à ANSA pelo prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, à margem de uma cerimônia em Belmonte del Sannio, pequena cidade italiana que celebra o 300º aniversário da Igreja do Santíssimo Salvador nesta quarta-feira (17).
Para Muller, é errado que pessoas da comunidade LGBTQIA+ passem pela Porta Santa da Basílica de São Pedro para obter indulgência plenária durante o Jubileu, a menos que pretendam pôr fim às práticas homossexuais.
“A doutrina da Igreja é muito clara: atos homossexuais são um pecado mortal, portanto devemos rejeitar essa política que alguns adotam, entrando pela Porta Santa para fazer propaganda de si mesmos e não para receber penitência por meio de uma mudança de vida”, declarou.
Segundo o cardeal, é preciso “corrigir a ideia equivocada de que a Igreja quase aceitou esse comportamento como algo a ser abençoado”, em referência à autorização de Francisco para padres e bispos darem suas bênçãos a uniões homoafetivas.
Na entrevista à ANSA, o alemão também rechaçou a hipótese de ordenar mulheres para o sacerdócio, que chegou a ser discutida no pontificado de Jorge Bergoglio.
“É uma questão dogmática, e nenhum Papa pode mudar um dogma da Igreja. Alguns pensam que a Igreja é como um partido político que pode mudar sua agenda de acordo com os desejos do mundo, mas somos uma religião baseada na revelação, e na revelação estão os sete sacramentos”, afirmou.
Muller foi chamado a Roma em 2012, por Bento XVI, para tornar-se prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e, em 2014, foi nomeado cardeal pelo papa Francisco. No entanto, em 2017, no fim de seu mandato de cinco anos como líder do dicastério mais importante em matéria de teologia, o alemão foi dispensado por Bergoglio.
Em toda a história do órgão, nunca havia ocorrido uma não renovação de mandato, por isso a decisão causou surpresa em quem acompanha o Vaticano. A mudança ocorreu depois de Müller demonstrar diversas vezes posições contrárias à postura reformista de Francisco, principalmente em temas ligados à família. (ANSA).