Cardeal critica documento que libera bênçãos a casais LGBT

CIDADE DO VATICANO, 12 SET (ANSA) – O cardeal Robert Sarah, prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino, defendeu nesta sexta-feira (12) que o documento da Doutrina da Fé sobre a bênção de casais homossexuais deveria ser “esquecido”.   

“Espero que o conteúdo da ‘Fiducia Supplicans’ possa ser esclarecido e talvez reformulado. No entanto, a declaração é teologicamente fraca e, portanto, injustificada. Ela põe em risco a unidade da Igreja, é um documento a ser esquecido”, avaliou o religioso guineense em entrevista ao Avvenire.   

Com o aval do falecido papa Francisco, o Vaticano permite desde 18 de dezembro de 2023 a possibilidade de padres e bispos abençoarem casais homoafetivos, desde que essa prática não seja confundida com o casamento. A orientação foi confirmada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, órgão mais importante da Santa Sé em termos de teologia e herdeiro da Santa Inquisição.   

O religioso de 80 anos também questionou o endurecimento das regras para o uso do rito antigo em celebrações religiosas através do motu proprio Traditionis custodes de 2021, firmado pelo pontífice argentino, morto em abril.   

“Me pergunto se é possível ‘proibir’ um rito com mais de mil anos. Por fim, se a liturgia também é fonte para a teologia, como podemos negar o acesso a ‘fontes antigas’? Seria como proibir o estudo de Santo Agostinho para aqueles que desejam refletir corretamente sobre a graça ou a Trindade”, disse Sarah.   

Em relação ao novo líder da Igreja Católica, o cardeal guineense opinou que o papa Leão XIV “reafirma a centralidade indispensável de Cristo e a consciência evangélica de que ‘sem Ele nada podemos fazer'”.   

“Além disso, ele me parece ter uma atenção inteligente ao mundo, num espírito de escuta e diálogo, sempre com uma consideração ponderada da Tradição, uma força motriz da história. A missão da Igreja é única e, como tal, deve ser cumprida em pleno espírito de comunhão”, concluiu. (ANSA).