Cardeal condenado por peculato pode participar do conclave; entenda

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O Vaticano anunciou que a congregação de cardeais discutiu nesta segunda-feira (28) sobre uma eventual participação do cardeal italiano Angelo Becciu, condenado a cinco anos e meio de prisão por peculato, no conclave, cujo início acontecerá no próximo dia 7 de maio.

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Segundo o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o caso referente ao religioso, que teve seus direitos cardinalícios revogados pelo para Francisco em 2020, “foi discutido, mas ainda não há uma resolução”.

No entanto, apuração feita pela ANSA revela que Becciu teria decidido “dar um passo para trás” em relação à questão de sua entrada no conclave. Fontes presentes na congregação de cardeais disseram que ele tomou a palavra para reiterar sua posição – a de ter o direito de ser eleitor -, mas no final teria desistido.

A expectativa é de que esta decisão seja comunicada por meio de uma nota oficial divulgada pelo próprio cardeal.

Com 76 anos, Becciu foi criado cardeal pelo próprio Francisco, mas caiu em desgraça devido a denúncias de mau uso dos recursos financeiros da Santa Sé na época em que ele era o “número 2” na poderosa Secretaria de Estado.

O religioso foi processado por irregularidades na compra de um edifício em Londres com recursos do Óbolo de São Pedro, sistema de arrecadação de donativos da Igreja Católica usado para obras de caridade, não para investimentos especulativos, e em doações para um projeto beneficente administrado por um irmão.

Em setembro de 2020, o Papa demitiu o italiano do cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e revogou os direitos associados ao cardinalato, inclusive o de votar em conclaves.

Já em dezembro de 2023, Becciu foi condenado no Vaticano a cinco anos e meio de prisão por peculato.

Agora, no entanto, ele insiste que tem direito de participar da escolha do novo papa porque nunca houve “uma vontade explícita” de barrá-lo do conclave e que jamais foi pedido a ele que renunciasse aos privilégios do cardinalato.

“O cardeal Becciu é uma pessoa muito respeitável. Mas quando vocês, jornalistas, entrevistam depois de um crime, os vizinhos dizem ‘ele era uma boa pessoa’. E isso não significa que uma boa pessoa não possa causar danos. Não estou dizendo que Becciu causou danos, mas isso precisa ser verificado”, declarou o cardel Giuseppe Versaldi, prefeito emérito da Congregação para a Educação Católica e ex-presidente da Prefeitura de Assuntos Econômicos da Santa Sé. (ANSA).