ROMA, 22 FEV (ANSA) – Um dos cardeais mais poderosos do Vaticano criticou supostas “pressões” de alguns grupos pela renúncia do papa Francisco, que está internado desde 14 de fevereiro em função de uma pneumonia nos dois pulmões.
O posicionamento do argentino Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé (órgão herdeiro da Santa Inquisição) e teólogo de referência do pontífice, chega depois de cardeais admitirem que cogitam a hipótese de Jorge Bergoglio deixar o trono de Pedro.
“Não tem sentido que alguns grupos façam pressões por uma renúncia. Eles já fizeram isso várias vezes nos últimos anos, e essa precisa ser uma decisão completamente livre do santo padre para que seja válida”, declarou Fernández em entrevista ao jornal argentino La Nación.
“Não vejo um clima de pré-conclave, não vejo se falar de um possível sucessor mais do que se fazia um ano atrás”, acrescentou.
Já o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, afirmou que os debates sobre uma possível renúncia de Francisco são “especulações inúteis”. “Estamos pensando na saúde do santo padre e em seu retorno ao Vaticano. Essas são as únicas coisas que importam”, disse ele ao jornal italiano Corriere della Sera.
Na última quinta-feira (20), pelo menos três cardeais admitiram que cogitam a hipótese de uma renúncia do pontífice por motivos de saúde: o francês Jean-Marc Aveline, o espanhol Juan José Omella e o italiano Gianfranco Ravasi. “Tudo é possível”, declarou Aveline, também arcebispo de Marselha.
“Se o Papa se encontrar em uma situação na qual sua possibilidade de ter contatos diretos, como ele ama fazer, esteja comprometida, então acredito que ele poderia renunciar”, reforçou Ravasi.
Francisco já revelou que deixou pronta uma carta de renúncia logo no início de seu pontificado, para o caso de um problema de saúde impedir que ele continue no pleno exercício do cargo.
Segundo a equipe médica do Hospital Agostino Gemelli, em Roma, o Papa “não corre risco de morte” no momento, mas ainda “não está fora de perigo”. A expectativa é de que o líder católico passe no mínimo mais uma semana internado. (ANSA).