Cardeal alemão crítico de Francisco quer Papa contra ‘lobby gay’

CIDADE DO VATICANO, 1 MAI (ANSA) – Considerado um dos líderes da frente “conservadora” no conclave, o cardeal alemão Gerhard Ludwig Müller defendeu nesta quinta-feira (1º) a escolha de um Papa que não se submeta a lobbies, como o LGBT, e que valorize a importância da missa tradicional em latim.   

Müller foi chamado a Roma em 2012, por Bento XVI, para tornar-se prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e, em 2014, foi nomeado cardeal pelo papa Francisco. No entanto, em 2017, no final de seu primeiro mandato de cinco anos como líder do Dicastério, o alemão foi removido do comando do influente departamento.   

Em toda a história do órgão, nunca havia ocorrido uma não renovação de mandato, por isso a decisão causou bastante surpresa na Itália. A mudança ocorreu depois de Müller demonstrar diversas vezes posições contrárias à postura reformista de Francisco, principalmente em temas ligados à família.   

Em entrevista ao jornal “Il Fatto Quotidiano”, o cardeal alemão afirmou que “o novo Papa ou qualquer pessoa na Igreja não deve confundir esta missão pessoal que vem de Jesus Cristo de ser o vigário de Cristo na terra, o sucessor de Pedro, com um cargo político, com poder, vivendo e falando de acordo com o gosto do mundo, da mídia de massa ou de vários lobbies que com sua agenda, globalista ou ideologia de gênero, querem governar de acordo com os critérios do ateísmo que negam a natureza humana, negam também a natureza divina e a vida”.   

Mueller também rejeitou e criticou mais uma vez o documento “Fiducia Supplicans”, com o qual Jorge Bergoglio, juntamente com a Doutrina da Fé, liderada pelo cardeal argentino, Victor Manuel Fernandez, autorizou a bênção de casais gays.   

“O nível de autoridade desta declaração é muito baixo. Não há recepção por parte da Igreja na África. Mas somente aqui alguns que estão próximos desta ideologia elogiaram e consideraram que, com esta declaração, a Igreja se modernizou e, portanto, todos os casais gays agora ingressam na Igreja”, acrescentou.   

Segundo o prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, “esses lobbies só querem instrumentalizar a Igreja para sua propaganda, mas não estão interessados na nova vida em Jesus Cristo”.   

Por fim, sobre a missa tradicional que Francisco reprimiu, ele voltou a defender a celebração em latim. “Há pessoas que cresceram, desde crianças, com a missa em latim e têm mais sensibilidade para ela. São católicos que preferem essa forma de liturgia sem negar a autoridade do Concílio Ecumênico Vaticano II”, concluiu. (ANSA).