Cardeal acusado de acobertar abuso tenta ser 1º papa dos EUA

VATICANO, 6 MAI (ANSA) – O cardeal Robert Francis Prevost, 70 anos, é considerado uma figura curiosa de um “ianque latino-americano” e, por isso, pode se tornar o candidato a papa dos cardeais da América do Norte e do Sul, apesar das acusações de acobertamento de abusos sexuais no clero.   

Tentando ser o primeiro pontífice nascido nos Estados Unidos, o religioso é um cardeal da Cúria, próximo do papa Francisco, cuja morte ocorreu em 21 de abril, aos 88 anos.   

Desde 2023, Prevost é prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina. Nascido em Chicago, em uma família de origem francesa, formou-se em Direito Canônico.   

De 1985 a 1999, o norte-americano foi missionário no Peru. De volta a Chicago, em 2001, tornou-se prior da Ordem de Santo Agostinho, cargo que ocupou até 2013. Nesse ano, retornou ao Peru, como bispo de Ciclayo.   

Francisco o chamou a Roma em 2023. O bispo norte-americano, que fala fluentemente espanhol, português, italiano e francês, demonstrou atenção especial aos marginalizados e migrantes no Peru, muito apreciados por Francisco.   

Como prefeito dos bispos, ele nomeou centenas de prelados, forjando uma geração de religiosos “como Francisco”, abertos e progressistas. Entretanto, ganhou a reputação de ser um cardeal reservado e equilibrado.   

Em 2023, Prevost administrou, junto com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, o caso do caminho sinodal alemão: um debate dentro das dioceses alemãs que estava se tornando muito inovador e corria o risco de causar um cisma. Na ocasião, trouxe o caminho de volta à ortodoxia, mas sem traumas.   

Os votos dos cardeais latino-americanos, que não têm candidatos fortes, e dos norte-americanos, muito divididos entre progressistas e conservadores, podem convergir para seu nome.   

Prevost pode contar com o apoio do poderoso cardeal hondurenho Oscar Rodríguez Maradiaga: antigo “fazedor de papas” de Francisco, ele já tem mais de 80 anos e está fora do conclave, mas continua muito influente.   

No entanto, o prelado americano é acusado de ter encoberto abusos sexuais cometidos por padres em Chicago e no Peru.   

No ano passado, Prevost e seu sucessor na capital de Illinois, Blaise Cupich (também progressista e candidato papal), foram denunciados por não terem tomado medidas entre as décadas de 1980 e 1990 contra dois agostinianos, posteriormente condenados por abuso.   

No Peru, o prefeito dos bispos foi acusado por três religiosas de ter acobertado a denúncia na qual elas afirmam ter sofrido abusos sexuais por parte de dois padres.   

A diocese de Ciclayo explicou que o então bispo as havia aconselhada a apresentar uma queixa às autoridades civis e que o processo canônico havia sido interrompido quando o judiciário arquivou o processo devido ao prazo de prescrição. (ANSA).