Cardeais começam definir sucessor de Francisco nesta quarta

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Papa Francisco Foto: REUTERS/Tony Gentile

Antes do início do conclave, os cardeais que participarão da escolha do próximo líder da Igreja Católica repetiram o legado do papa Francisco ao pedirem o fim de todas guerras ao redor mundo. Esse foi um sinal claro de continuidade com o que Jorge Bergoglio semeou e que seu sucessor precisará dar prosseguimento.

A continuidade também será necessária para as reformas que surgem no horizonte da Igreja Católica, desde sua legislação sobre abusos sexuais até as contas do Vaticano, como ficou evidente na congregação de terça-feira (6), a última das reuniões pré-conclave.

No momento, até temas que pareciam muito “bergoglianos”, como mudanças climáticas e diálogo inter-religioso, entraram na pauta da Igreja para o que está sendo projetado para o futuro. Os cardeais mencionaram recentemente que o perfil procurado é de um pontífice “construtor de pontes”.

Os italianos Pietro Parolin e Pierbattista Pizzaballa entram como favoritos no páreo, mas a figura do francês Jean-Marc Aveline também se destaca entre os “papáveis”. Outro nome cotado é o de Matteo Zuppi, enquanto o de Robert Francis Prevot, que nos últimos anos lidou com o delicado Dicastério para os Bispos, também está ascendendo.

Para a Igreja Católica mais emergente, como a asiática, o perfil do filipino Pablo Virgilio Siongco David, que não teve medo de lutar contra a injustiça em seu país e de desafiar o ex-presidente Rodrigo Duterte, aparece entre os favoritos. A sugestão do primeiro papa africano também segue forte, com Fridolin Ambongo na pole position.

A primeira fumaça é aguardada para aparecer às 14h (de Brasília) na chaminé da Capela Sistina. Será o momento de todos ficarem atentos ao quórum máximo exigido de 89 votos, quantidade mais alta já registrada na história dos conclaves.

O palco principal do conclave está pronto: nas mesas, cobertas com toalhas de veludo vermelho, os cardeais encontrarão facilmente seus lugares graças aos crachás disponibilizados. Ao lado, na sacristia, conhecida como a “sala das lágrimas”, as batinas brancas de três tamanhos diferentes estão penduradas e já aguardando o próximo pontífice.

O primeiro encontro oficial dos cardeais será amanhã (7), a partir das 5h, na missa “Pro Eligendo Romano Pontifice”, na Basílica de São Pedro, que marcará o início formal do conclave.

Por volta das 11h30, após pausa para almoço e algumas discussões finais, os religiosos seguirão até a Capela Paulina, onde participarão de uma oração. Na sequência, caminharão em procissão até a Capela Sistina, onde permanecerão reclusos e sem contato com o mundo exterior até que o novo papa seja decidido.

Após um juramento, que precisará ser pronunciado pelos cardeais, o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, monsenhor Diego Ravelli, pronunciará a expressão em latim “extra omnes”, quando os cardeais precisarão deixar de lado as influências externas. Em seguida, o religioso Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, ministrará uma meditação final, que será acompanhada pela primeira votação.

O conclave vai ser presidido pelo cardeal Pietro Parolin, na ausência do decano, cardeal Giovanni Battista Re, de 91 anos. O secretário de Estado do Vaticano perguntará a todos se é possível proceder imediatamente à primeira votação ou se ainda será necessário esclarecer dúvidas quanto às normas e métodos estabelecidos. Se, na opinião da maioria dos eleitores, nada impedir o prosseguimento das operações, o primeiro escrutínio será iniciado.

Amanhã (7) será, portanto, o dia da primeira fumaça, que, salvo surpresas de última hora, deverá ser preta, ou seja, servirá para testar as orientações do Colégio Cardinalício.