Bueiros tampados com madeiras improvisadas se repetem quase a cada quarteirão pela região de Pátio do Colégio, Santa Ifigênia e Praças da Sé e da República. Em outros casos, o cimento que cola as tampas no chão ainda está mais claro que o dos vizinhos, sinal de que foi recentemente trocado.

A manutenção por vezes insuficiente e a ausência de cabos e outros itens de infraestrutura são evidentes. O principal motivo atribuído pelos gestores públicos e empresas do setor são os furtos, como os que deixaram duas escolas municipais sem energia em outubro. “Até as grades de proteção foram levadas e todas as fiações que, com muito custo, havíamos substituído”, lamentou a direção da Emef José Hermínio Rodrigues, no Jardim Elisa Maria, zona norte, em rede social. Por lá, o serviço levou ao menos seis dias para ser restabelecido, inviabilizando aulas presenciais.

Um levantamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) aponta, por exemplo, um crescimento de 11,5% no volume de furtos e casos identificados como “vandalismo” da rede semafórica. A taxa é referente ao período de janeiro a setembro, na comparação com o mesmo período de 2020, o que representa 14 semáforos danificados por dia.

Entre os locais mais visados, segundo a companhia, estão trechos da Avenidas São Miguel, na zona leste, do Estado, no centro, e Dona Belmira Marin, na zona sul. Para conter os furtos de controladores semafóricos, a companhia diz que tem feito o alteamento dos itens e a concretagem e a soldagem das tampas das caixas de passagem da fiação.

POLIETILENO

Algumas medidas já iniciadas em outras gestões também estão sendo retomadas pela Prefeitura de São Paulo. Há um novo projeto piloto em parte das subprefeituras com grelhas de polietileno, por exemplo. Segundo o Município, “algumas unidades” foram instaladas em locais de maior movimentação nas regiões das Subprefeituras Ipiranga, Itaim Paulista, Jabaquara, Freguesia do Ó/Brasilândia e Sé, a fim de avaliar a durabilidade de material e impacto nos furtos. “Caso seja aprovado pelos técnicos, o produto poderá ser licitado como alternativa mais barata ao ferro utilizado usualmente.”

LEI

Além disso, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) promulgou uma lei no mês passado que prevê a fiscalização de ferros-velhos e outros comércios de sucata com o acompanhamento da Guarda Civil. O texto também prevê regulamentação futura para a aplicação de sanções, de multas a cassação de alvará de funcionamento.

Propositor do projeto que deu origem à lei, o vereador Delegado Palumbo (MDB) considera que a fiscalização pode enfraquecer o comércio irregular. “Se combate os receptadores, diminui o número de furtos e roubos. Se não tem pra quem vender a tampa de bueiro, a lápide de cemitério, o fio de cobre, vai diminuir o furto.”

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) diz ter intensificado as “operações de combate” e fiscalização de comércios de cabos e fios elétricos, sem detalhar. “Somente neste ano, mais de 32 toneladas de metais entre cobre e alumínio foram apreendidas e devolvidas às concessionárias e prestadoras de serviços públicos no Estado.”

TRENS

No caso do transporte por trilhos, a CPTM decidiu publicar um chamamento público de propostas para reduzir os casos. Somente neste ano, foram 142 ocorrências, superando as 113 de todo 2020 e as 103 do ano anterior. JÁ o Metrô diz que as ocorrências do tipo caíram neste ano, totalizando 28 até o momento. Em 2020, foram 72.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.