A maioria das capitais que tinham interrompido a oferta da segunda dose da Coronavac por falta de vacina retomou a aplicação nesta semana, mas sem ainda conseguir atender todos que estão com a dose de reforço atrasada. Isso porque as novas remessas enviadas aos Estados e municípios são insuficientes para a imunização de todos que esperam pela nova injeção.

Na quinta-feira passada, 6, o Instituto Butantan entregou ao Ministério da Saúde uma remessa com 1 milhão de doses da Coronavac, o que permitiu que as cidades retomassem a campanha entre o fim de semana e esta segunda, 10. Hoje, o laboratório entregou mais 2 milhões de doses, que também devem ser destinadas à aplicação da segunda dose.

Das 10 capitais que estavam com a aplicação suspensa, sete retomaram a campanha entre sábado e esta segunda-feira, 10: Campo Grande, João Pessoa, Maceió, Porto Velho, Recife, Rio e Salvador. Já Belo Horizonte e Porto Alegre preveem retomar nesta terça. São Luís não tem data prevista para voltar a aplicar a segunda dose.

Das sete que já retomaram, cinco confirmaram ao Estadão ainda não ter doses suficientes para atender todos que estão com a segunda dose atrasada. Recife diz que recebeu 7.610 unidades da Coronavac no fim de semana, mas que 21 mil pessoas aguardam a aplicação de reforço. Esse é o tamanho do grupo que tinha agendamento da segunda aplicação para o período de 29 de abril e 9 de maio e não pôde ser atendido pela escassez de imunizante.

Em Porto Velho, onde a campanha ficou suspensa por 12 dias, são 7 mil pessoas aguardando a nova etapa da imunização, mas somente 3 mil doses foram encaminhadas.

Em Campo Grande, 30 mil pessoas aguardam a segunda dose, mas somente quem deveria ter sido imunizado em 21 de abril conseguiu tomar a dose de reforço nessa retomada. Os demais seguem esperando novas remessas. A Prefeitura não informou a quantidade de pessoas que puderam ser vacinadas com o novo lote.

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No Rio, as 48 mil novas doses recebidas na sexta-feira, 7, foram suficientes para oferecer a segunda dose aos idosos de 66 anos. O grupo de 64 e 65 anos, que também está com a aplicação de reforço atrasada, só deverá ser vacinada a partir da próxima quinta-feira, 13, segundo a Prefeitura.

Em Salvador, o novo lote de 26.190 doses recebido no sábado começou a ser usado nesta segunda para a vacinação das pessoas que deveriam ter tomado a segunda injeção no dia 1º de maio. Nesta terça, a Prefeitura começa a dar a segunda dose a quem estava marcado para o dia 2. A administração municipal não informou quando conseguirá vacinar todos os cidadãos com segunda dose atrasada.

Porto Alegre, que vai retomar a aplicação da segunda dose nesta terça, já informou que enfrentará o mesmo problema. A capital gaúcha recebeu 11.030 doses para um público estimado em 75.938 pessoas que estão com a segunda aplicação em atraso.

Por enquanto, a prefeitura decidiu restringir a oferta da dose de reforço de acordo com a faixa etária. A campanha será retomada para os idosos com 75 anos ou mais e a expectativa é ampliar a faixa etária para pessoas mais novas conforme novas remessas forem enviadas ao Estado.

A suspensão da aplicação da segunda dose aconteceu após o Ministério da Saúde orientar Estados e municípios a não reservarem a segunda dose daqueles que já tinham tomado a primeira. Com isso, muitas cidades utilizaram as doses originalmente enviadas como reforço para primeiras aplicações em um novos públicos prioritários.

Em abril, porém, o Butantan enfrentou um atraso no envio dos insumos chineses para a produção da vacina e não pôde entregar cerca de 4 milhões de doses previstas para o mês, o que obrigou prefeituras a suspenderem a campanha.

Nesta segunda, o diretor do Butantan, Dimas Covas, admitiu que novos atrasos podem ocorrer em junho se as autoridades da China não liberarem os ingredientes farmacêuticos ativos vindos da farmacêutica Sinovac, desenvolvedora da Coronavac. Há a expectativa de que o insumo seja despachado até próxima quinta-feira e, assim, chegaria até o dia 18, mas o envio ainda não foi confirmado.

A avaliação do Butantan e do governo paulista é que as recorrentes declarações do presidente Jair Bolsonaro contra a China estejam dificultando os trâmites burocráticos necessários para o envio.

Após a suspensão da aplicação da segunda dose, que chegou a afetar mais de 800 municípios brasileiros, o Ministério da Saúde voltou atrás e passou a recomendar que os municípios reservem as doses de reforço.


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