17/09/2024 - 18:38
Médicos atendem os feridos no estacionamento de um hospital nos subúrbios ao sul de Beirute, um reduto do Hezbollah, enquanto moradores correm para doar sangue após as explosões de “pagers” de membros do movimento libanês pró-iraniano.
Centenas de explosões simultâneas desses pequenos dispositivos de mensagem ocorreram em todo o país, em regiões que são redutos do Hezbollah, matando nove pessoas e ferindo quase 2.800, segundo fontes oficiais libanesas.
“Eu nunca tinha visto algo assim na minha vida”, contou Musa, que mora no subúrbio ao sul de Beirute e pediu para ser identificado apenas pelo nome.
“Minha esposa e eu estávamos indo ao médico e de repente algo explodiu (…). Havia pessoas caídas no chão, ninguém sabia o que estava acontecendo”, relatou.
Um correspondente da AFP viu feridos sendo atendidos sobre colchões colocados no chão e macas cobertas de sangue em um estacionamento de um hospital no sul de Beirute.
Em outro hospital, um ferido é atendido dentro de um veículo. No local, um correspondente da AFP viu um homem ferido no rosto, no olho e na mão, e outro na cintura.
Imagens de pessoas ensanguentadas, algumas que inclusive perderam dedos, circularam pelas redes sociais.
Sob tendas montadas rapidamente sob uma ponte nos subúrbios do sul de Beirute, centenas de pessoas se reuniam para doar sangue, em meio às sirenes das ambulâncias.
Uma testemunha declarou à AFP que viu um membro do Hezbollah que conhecia recebendo mensagens em seu “pager”, justo antes de o dispositivo explodir.
No bairro comercial de Hamra, dezenas de pessoas se reuniram em frente à entrada de um dos principais hospitais da capital, em meio ao vai e vem frenético das ambulâncias.
Na área de urgências do Centro Médico da Universidade Americana de Beirute (AUBMC), homens e mulheres, algumas com véus pretos, tentam obter notícias dos feridos, em uma verdadeira atmosfera de caos.
Alguns choram, outros expressam sua fúria. Uma pessoa informa por telefone que um de seus familiares perdeu uma mão e está ferido na cintura.
Sirenes soavam por toda a cidade enquanto ambulâncias iam e vinham da Defesa Civil e da Cruz Vermelha libanesa, além de outros serviços de emergência, incluindo socorristas afiliados ao movimento Amal, aliado ao Hezbollah.
Soldados e civis tentavam facilitar a passagem dos veículos, enquanto socorristas vestidos com coletes fluorescentes guiavam as ambulâncias pelas ruas congestionadas da capital.
No sul do Líbano, um correspondente da AFP viu dezenas de ambulâncias circulando entre as cidades de Tiro e Saida em ambos os sentidos.
Um correspondente da AFP no leste do Líbano indicou que muitas pessoas ficaram feridas em incidentes similares no Vale do Bekaa.
O Hezbollah havia pedido a seus membros que não usassem telefones celulares para evitar qualquer tentativa de espionagem ou interferência israelense.
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