Cantores derrotam políticos em partida beneficente na Itália

VATICANO, 16 JUL (ANSA) – Com ingressos esgotados, o Estádio Gran Sasso d’Itália, em L’Aquila, recebeu na noite da última terça-feira (15) uma partida beneficente entre cantores e políticos para ajudar famílias de crianças internadas no Hospital Bambino Gesù, centro pediátrico gerido pela Igreja Católica em Roma.   

A “Partita del Cuore” (“Partida do Coração”, em português) também tem como objetivo auxiliar a Caritas local, que atua conjuntamente no Projeto Acolhimento, ao hospedar e dar assistência material aos pequenos pacientes e seus cuidadores, provenientes de toda a Itália e também do exterior, principalmente de zonas de guerra.   

Apoiados por Fabio Cannavaro, os políticos, entre eles os ministros das Finanças da Itália, Giancarlo Giorgetti, da Agricultura, Francesco Lollobrigida, e da Cultura, Alessandro Giuli, além do ex-premiê Matteo Renzi e outros 44, perderam por 8 a 4.   

A seleção de cantores saiu vitoriosa com Dolcenera, Boosta, Benji e Fede, Moreno, premiado como melhor jogador da noite, e Enrico Ruggeri no elenco. O mascote da partida foi o Topo Gigio, “a estrela de beneficência”.   

Quem também participou da iniciativa, apesar de ser remotamente, foi o papa Leão XIV, que enviou uma mensagem em vídeo na qual propôs uma reflexão sobre os termos “partida” e “coração”, que se tornam “duas palavras a serem conjugadas juntas” e especialmente através do encontro, em um “evento beneficente que é ao mesmo tempo esportivo e televisivo. E que arrecada fundos para a vida, para a cura, não para a destruição e a morte”.   

“Uma partida, neste caso, significa um encontro. Um encontro onde até os adversários encontram uma causa que os une: este ano, em particular, a das crianças que pedem ajuda, as crianças que chegam à Itália vindas de zonas de guerra e às quais um projeto do Hospital e Fundação Bambino Gesù e da Caritas Itália oferece hospitalidade”, explicou.   

Robert Prevost enfatizou que parece cada vez mais difícil, quase impossível, encontrar espaços onde essas coisas possam ser ouvidas e fez uma analogia à Partida do Coração, na Itália, com uma da Bélgica.   

“Me vem em mente uma outra partida, aquela contada em um filme, ‘Joyeux Noël’, e em uma canção de Paul McCartney, jogada em 25 de dezembro de 1914 por alguns soldados (alemães, franceses e ingleses) na chamada trégua de Natal, perto da cidade de Ypres, na Bélgica”, lembrou.   

Segundo o Santo Padre, “ainda é possível ? é sempre possível ? se encontrar, mesmo em tempos de divisões, bombas e guerras”, portanto, “é necessário criar oportunidades para isso”.   

“Desafiar as divisões e reconhecer que este é o maior desafio: encontrar-se. Contribuir juntos para uma boa causa. Trazer de volta à unidade os corações partidos, os nossos e aqueles dos outros. Reconhecer que no coração de Deus somos uma só coisa. E que o coração é o lugar do encontro com Deus e com os outros”, enfatizou.   

De acordo com Leão XIV, “o esporte, quando bem vivido por aqueles que o praticam e por aqueles que o apoiam tem esta grandeza: transforma o conflito em encontro, a divisão em inclusão, a solidão em comunidade”.   

“E a televisão, quando não é apenas conexão, mas comunhão de olhares, pode nos fazer redescobrir como olhar uns para os outros. Com amor, em vez de ódio”, afirmou ele.   

O líder da Igreja Católica destacou ainda que é “significativo que dois times estejam jogando, um de políticos e outro de cantores”, porque “isso nos diz que a política pode unir em vez de dividir, se não se contentar com a propaganda que se alimenta da criação de inimigos, mas praticar a difícil e necessária arte do confronto, que busca o bem comum”.   

Além disso, disse que isso lembra “como a música enriquece nossas palavras e nossas memórias de significado; desde que nós, crianças, começamos a falar e a recordar”, concluiu Prevost, reforçando que os menores, aos quais o encontro foi dedicado, sabem dessas coisas e “têm a pureza de coração que lhes permite ver Deus”.   

Por fim, desejou que todos que ajudam o Projeto Acolhimento possam “olhar nos olhos das crianças e aprender com elas”. “Que redescubram a coragem de acolher e serem homens e mulheres de encontro. E a força de acreditar e pedir que venha uma trégua, um tempo que pare a corrida do ódio. Está em jogo a nossa humanidade. Que esta partida que fala de paz marque um ponto a seu favor”. (ANSA).