Quem vê Luedji Luna dominando os palcos com suas apresentações musicais, nem imagina que a cantora é formada em direito e que agora aceitou o desafio de ser atriz.
A artista multifacetada dá vida a Val, prima de Gal, interpretada por Shirley Cruz no filme “A Melhor Mãe do Mundo”, que foi exibido no Festival de Cinema de Pernambuco 2025 (Cine PE) nesta semana, e estará em cartaz no cinema a partir do dia 7 de agosto de 2025.
Em entrevista à IstoÉ Gente, Luedji afirma que mergulhou de cabeça no desafio da atuação, profissão que, segundo ela, nada tem a ver com as suas experiências anteriores.
“Eu nunca advoguei, na verdade, eu só estudei direito, aí larguei e fui para a música. E nenhum dos dois [direto ou música] me ajudaram em nada, a verdade é essa [risos]”, declara ela, bem-humorada.
“A dinâmica do palco, do show, é completamente diferente. Ser atriz demanda muito mais do corpo, demanda muito mais da concentração, da paciência. A gente fica lá à disposição no set até acontecer a nossa cena. A gente tem que acordar cedo, coisa que eu não faço como cantora”, completa ela, que aponta quais aspectos mais a distanciaram a zona de conforto.
“Senti que esse trabalho como atriz é uma demanda emocional, uma demanda física muito maior que a cantora. Então, a cantora não me ajudou em nada, o direito não me ajudou em nada. Eu realmente nasci como a Val, eu nasci atriz com a Val, com a Anna Muylaert, contracenando com a Shirley, com esses grandes atores, Rubens, Seu Jorge, foi assim que nasceu a atriz. Empiricamente fazendo”, reforça.
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Luedji admite ainda que, diferentemente de Shirley Cruz, não viveu nenhum trauma que a fizesse repensar a sua existência, assim como a história principal é relatada em “A Melhor Mãe do Mundo”.
“Esse filme representa, infelizmente, a história de muitas mulheres no Brasil e no mundo. Ainda é uma agenda para o nosso país discutir a violência doméstica, a despeito de a gente ter uma lei protetiva, a despeito de a gente ter as DEAMs (Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher). Ainda é um país com um dos maiores índices de feminicídio, sobretudo entre as mulheres negras”, diz.
“Apesar de eu não ter vivido essa história pessoalmente, a minha família não tem essa trajetória, não tem essa narrativa com esse tipo de violência, eu topei a personagem de pronto, porque são histórias que ainda precisam ser contadas. É um debate que ainda é necessário. Ter emprestado o meu corpo para a Val me honra muito. Eu realmente acredito que a despeito de toda a violência e de toda a dor, é um filme muito bonito, poético, que traz uma mensagem de esperança, de resiliência, de força. E é um filme político”, encerra.
“A Melhor Mãe do Mundo”, da diretora Anna Muylaert (que também dirigiu o sucesso “Que Horas Ela Volta?” – 2015), conta a história da catadora de recicláveis Gal, que decide fugir dos abusos do marido, Leandro (interpretado por Seu Jorge), após tentar denunciá-lo e ser ignorada pela polícia.
A partir daí ela abandona a casa onde morava com o agressor e cria uma realidade paralela para seus filhos, fazendo com que as crianças acreditem que estão vivendo uma grande aventura pela cidade de São Paulo.
*Enviada especial ao Recife, a convite do Cinepe 2025.