Foi emocionante. A Salle Buñuel estava quase lotada, com lugares disponíveis apenas nas laterais. Não representa pouco num festival como Cannes, com tantas seções, e atrações. Na sala que leva o nome de Luis Buñuel – e Glauber Rocha ganhou duas vezes em Cannes o prêmio que homenageava o mestre surrealista espanhol -, o público estava reunido para ver a versão restaurada, em 4K, de Deus e o Diabo na Terra do Sol, em Cannes Classics.

Paloma Rocha, filha de Glauber, tinha 4 anos quando o pai participou da competição de Cannes. Foi um ano excepcional para o Brasil. Dois filmes na competição, dois marcos do Cinema Novo – Deus e o Diabo e Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos. Ao Estadão, ela disse que o retorno do filme a Cannes fechava um ciclo. Para o fecho ser completo, tinha de ser na Salle Buñuel.

Paloma estava no palco com o diretor de produção do restauro em 4K. Quando o filme foi lançado em DVD, já havia sido restaurado em 2K. Lino Meireles perguntou quantos daquele público imenso nunca tinham visto Deus e o Diabo? Um mar de mãos levantou-se. Ele contou como ficou impactado ao ver o filme em DVD, há 20 anos. Disse esperar que os jovens ficassem impactados como ele. Aos que já haviam visto o filme, como o repórter do Estadão, prometeu que seria uma (re)descoberta. “Vocês nunca viram Deus e o Diabo assim.” A promessa foi lindamente cumprida.


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