O 77º Festival de Cannes revelará na quinta-feira (11) sua aguardada seleção oficial de filmes, embora a participação de grandes produções de Hollywood, afetadas pelas greves do ano passado, permaneça uma incógnita.

“Os filmes estão chegando cada vez mais tarde, e as últimas decisões são as mais importantes. Temos que evitar ser excessivamente impacientes”, declarou o diretor do festival, Thierry Frémaux, em entrevista à revista Variety na semana passada.

Os destaques de Cannes em 2023 foram aclamados pela crítica cinematográfica, e vários desses seus filmes, como o vencedor da Palma de Ouro “Anatomia de uma queda” ou “Zona de interesse”, ganhador do Grande Prêmio do Júri, receberam posteriormente vários prêmios internacionais, incluindo o Oscar.

O festival escapou dos problemas da longa greve de atores e roteiristas em Hollywood no ano passado. No entanto, paradoxalmente, as consequências podem aparecer nesta edição, reconheceu Frémaux.

“Estamos vendo menos filmes americanos do que nos anos anteriores. E isso será, sem dúvidas, refletido na seleção oficial. Todos sabemos que 2024 será um pouco um ‘ano de transição’ (…) pelo menos no primeiro semestre”, explicou o organizador.

– Uma comédia para começar –

O maior festival do mundo, realizado de 14 a 25 de maio na famosa região francesa da Costa Azul, começará com a comédia francesa “Le deuxième acte” (O segundo ato, em tradução livre) de Quentin Dupieux, estrelado por Léa Seydoux.

Até agora, uma única superprodução foi confirmada para o dia 15 de maio, fora de competição: “Furiosa”, de George Miller, o criador de “Mad Max”, estrelado pela britânico-americana Anya Taylor-Joy.

No âmbito dos documentários, o americano Oliver Stone (“Platoon – Os Bravos do Pelotão”) disse no mês passado à AFP que finalizou um documentário focado no presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua história judicial entre 2018 e 2019.

Stone é um nome popular de Cannes, onde já presidiu o júri da Palma de Ouro e apresentou filmes dentro e fora da competição.

A seleção para a Palma de Ouro geralmente inclui cerca de vinte filmes, aos quais são adicionados os que participam de competições paralelas, como a Semana da Crítica ou a Quinzena dos Realizadores.

Cannes costuma ser um eco de conflitos internacionais, e há especulações sobre como o festival refletirá a guerra em Gaza.

A diretora de “Barbie”, Greta Gerwig, preside o júri da competição oficial do evento – onde a presença de mulheres cineastas é um tópico sempre vigiado.

O júri da Semana da Crítica será liderado pelo espanhol Rodrigo Sorogoyen (“As Bestas”), e a sessão Un Certain Regard será dirigida pelo canadense Xavier Dolan.

– Cerca de 2.000 obras –

O comitê de seleção do festival já viu cerca de 2.000 filmes até agora, explicou Frémaux, que confessou à Variety sua vontade de apresentar o último filme de Francis Ford Coppola, “Megalópolis”, com Adam Driver como protagonista.

Outra possível exibição na Croisette é o filme “Kinds of Kindness” (Formas de gentileza, em tradução livre), do grego Yorgos Lanthimos com sua estrela favorita do momento, a americana Emma Stone, vencedora do Oscar de melhor atriz com “La La Land – Cantando Estações”.

A participação ibero-americana no festival também gera muitas expectativas.

O brasileiro Walter Salles (“Diários de Motocicleta”), ausente de Cannes há mais de uma década, poderia voltar com “Ainda Estou Aqui”, um drama ambientado na ditadura militar dos anos 1970.

O colombiano César Augusto Acevedo, que em 2015 ganhou o prêmio de melhor estreia no festival com “A Terra e a Sombra”, é esperado devido sua nova produção, “Horizonte”.

No ano passado, o mexicano Michel Franco recebeu boas críticas em Veneza com um drama sobre demência, “Memória”, e acaba de repetir com sua atriz do momento, Jessica Chastain. Juntos, eles filmaram “Sonhos”, que poderia competir pela Palma, de acordo com os rumores.

Do lado europeu, a aposta é na nova versão do conto erótico dos anos 1970, “Emmanuelle”, dirigida por uma mulher, Audrey Diwan, que ganhou o Leão de Ouro em Veneza em 2021 com “O Acontecimento”.

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