O Festival de Cannes estende seu tapete vermelho nesta sexta-feira (25) ao cineasta iraniano Mohammad Rasoulof, que fugiu de seu país depois de ter sido condenado à prisão, para que possa apresentar pessoalmente o seu filme “The seed of the sacred fig”, que compete à Palma de Ouro.

O diretor fugiu do Irã após ter sido condenado a cinco anos de prisão e a receber chibatadas pelo seu filme anterior que, como toda a sua obra, é uma visão do país dos aiatolás que entra em choque com o regime.

Na semana passada, ele anunciou que havia deixado o Irã clandestinamente, a pé, uma viagem que qualificou como “exaustiva” e “perigosa”.

“Todos os iranianos que tiveram que partir devido a este regime totalitário têm sempre uma mala perto de si na esperança de que as coisas melhorem e possam retornar”, disse ele na noite de quinta-feira (23), em entrevista ao programa C Ce soir, em Cannes.

O diretor de 51 anos volta à Croisette pela primeira vez desde 2017, quando venceu a mostra ‘Un Certain Regard’ por “Lerd”, um filme sobre corrupção. Em 2020, ele não foi autorizado a deixar o Irã para receber o Urso de Ouro em Berlim por “Não Há Mal Algum”, sobre a pena de morte.

Sua nova produção conta a história de um juiz iraniano que se torna paranoico e passa a desconfiar de sua própria esposa e filhas durante os protestos em Teerã, de acordo com um comunicado distribuído pelo festival de cinema.

As gravações de “The Seed of the Sacred Fig” acontecerams em segredo, preservando na medida do possível a identidade dos atores.

Alguns conseguiram sair do país após a conclusão do filme e outros estão sob pressão dos serviços de inteligência.

Rasoulof já havia sido preso entre julho de 2022 e fevereiro de 2023, e só foi libertado da prisão graças a uma anistia geral concedida a milhares de pessoas após grandes manifestações pró-democracia que sacudiram o país.

Ele já apresentou três filmes em Cannes: “Adeus” em 2011, “Manuscritos não Queimam” em 2013 e “Lerd” em 2017.

A Palma de Ouro será anunciada no sábado (25).

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