A mudança radical no comando da prefeitura de Roma, com a chegada de uma prefeita anti-establishment, culminou com a desistência da capital italiana no processo de escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2024. Agora, há o temor de que a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos cause efeito semelhante na forte candidatura de Los Angeles.

Nesta quarta-feira, porém, o comitê LA 2014, que cuida da candidatura, soltou comunicado para parabenizar Trump e lembrar seu longevo apoio ao movimento olímpico nos Estados Unidos. “Nós acreditamos fortemente que a Olimpíada e Los Angeles-2024 transcendem a polícia e podem unificar diversas comunidades e nosso mundo”, diz a nota.

O comitê ainda lembra que a candidatura tem 88% de apoio da população e um forte apoio bipartidário em nível municipal, estadual e federal. Nos dois primeiros, o governo é democrata, enquanto Trump foi eleito pelo Partido Republicano.

Até agora, Trump não deu nenhum indício de que retiraria o apoio federal à candidatura de Los Angeles. A maior preocupação, assim, é com o impacto que sua postura pode ter no processo de escolha da sede dos Jogos de 2024, o que vai acontecer em Lima, no Peru, em setembro do ano que vem.

Durante sua campanha, o agora presidente eleito dos Estados Unidos ofendeu diversos países, especialmente os mexicanos, e atacou também a religião muçulmana. Essas ofensas atingem boa parte dos 98 membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) que terão direito a voto.

Em entrevista à agência de notícias The Associated Press, Dick Pound, do Canadá, admitiu que essa influência pode ser sentida. Ao mesmo tempo, ele também reconheceu que a capacidade de Trump de seduzir a audiência pode jogar a favor de Los Angeles se ele se envolver diretamente com a candidatura.

Sam Ramsamy, da África do Sul, porém, negou que as declarações de Trump durante a campanha possam influenciar a candidatura de Los Angeles. O presidente eleito norte-americano chegou a descrever o país sul-africano como “uma bagunça muito perigosa”. “Ele tem sido rude com todo mundo. Eu não acho que isso vai afetar a candidatura, contudo”, afirmou à AP.

Historicamente, os presidentes norte-americanos se envolvem com as candidaturas olímpicas. Em 2009, Barack Obama foi a Copenhague, na Dinamarca, para defender Chicago na eleição vencida pelo Rio. Hillary Clinton, como secretária de Estado, foi forte defensora de Nova York na briga pelos Jogos de 2012.