Os candidatos à vice-presidência da Argentina, o peronista de centro Agustín Rossi e a ultradireitista Victoria Villarruel, participaram em um debate na quarta-feira (8), no qual expressaram pontos de vista divergentes sobre temas como pobreza e direitos humanos.

“As pessoas hoje se preocupam com a situação econômica: poder comprar comida, pagar o aluguel, não com os anos 1970”, disse Villarruel no início do debate, em referência à última ditadura militar (1976-83) na Argentina.

Rossi, chefe de gabinete do presidente Alberto Fernández e companheiro de chapa do candidato e ministro da Economia Sergio Massa, criticou Villarruel pelo que considera sua proximidade com militares condenados por crimes contra a humanidade.

“Ela trouxe a discussão sobre o passado. A Argentina tinha um pacto democrático sobre que significam direitos humanos”, afirmou Rossi.

Em sua intervenção, Villarruel, deputada e candidata à vice-presidência do partido A Liberdade Avança, do libertário Javier Milei, insistiu em negar o número de 30.000 desaparecidos da ditadura, citado pelas organizações de defesa dos direitos humanos.

“Não foram 30.000 e o seu próprio governo diz isso. No (monumento) Parque da Memória há 8.751 nomes. Onde estão os outros? Parem de mentir, parem de usar os desaparecidos, digam a verdade”, disse Villarruel, uma advogada que preside o Centro de Estudos Jurídicos sobre o Terrorismo e suas Vítimas.

A candidata atacou Rossi e afirmou que no governo dela “a cada mês temos 100.000 novos pobres”. Ela se defendeu das acusações de que planeja acabar com a saúde e a educação pública, alegando que na Argentina “a educação pública não educa, e sim doutrina”.

Rossi, por sua vez, criticou Villarruel por afirmar que “não acredita na desigualdade salarial de gênero” e porque rejeita a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável.

A Argentina, que enfrenta uma grave crise econômica com uma inflação de 140% em termos anuais e índice de pobreza de 40%, escolherá o presidente entre Massa e Milei no segundo turno em 19 de novembro.

O novo presidente tomará posse em 10 de dezembro.

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