O reformista Pita Limjaroenrat, vencedor das eleições legislativas na Tailândia, perdeu nesta quinta-feira (13) uma votação no Parlamento que o teria tornado primeiro-ministro, após a rejeição de senadores, leais ao exército, que o consideram muito radical.

“Não vou desistir”, disse Pita aos jornalistas, embora tenha garantido que aceita o resultado da votação.

A segunda maior economia do sudeste asiático, atolada em crises políticas há anos, enfrenta um novo período de instabilidade, dois meses após eleições que representaram um revés para os generais no poder desde o golpe de 2014.

Pita Limjaorenrat, vencedor das eleições legislativas pelo partido ‘Move Forward’, enfrenta um sistema controlado por elites monárquicas conservadoras, que o recriminam por seus problemas com a Justiça e por sua proposta de revisão da lei que condena ataques ao rei.

A derrota do candidato progressista pode desencadear uma nova onda de manifestações.

Apesar do apoio de uma coalizão majoritária na Câmara Baixa (312 deputados de um total de 500), Pita não obteve os 60 votos de senadores necessários para atingir os 375 votos exigidos.

Durante a votação, mais da metade dos legisladores se opôs ou se absteve, segundo uma contagem da AFP, o que não deu a Pita chances de alcançar a maioria.

Os senadores, nomeados pelos exército, ignoraram os apelos do ‘Move Forward’ para formar um governo de acordo com a vontade do povo, o que colocaria a Tailândia de volta no caminho da democracia.

– Processos judiciais –

Pita Limjaroenrat personifica, aos 42 anos, a ruptura com o passado que muitos jovens tailandeses reivindicam, os mesmos que saíram às ruas aos milhares em 2020 para exigir uma reforma da monarquia.

O seu programa eleitoral inclui uma nova Constituição, a abolição do serviço militar obrigatório e a legalização do casamento homoafetivo, entre outros, para virar a página de quase uma década sob a autoridade do ex-general golpista Prayut Chan-O-Cha.

O ‘Move Forward’ e seu líder enfrentam duas acusações, que alegam ter como objetivo afastá-los do poder.

Em um dos casos, Pita é acusado de possuir ações de um canal de televisão durante a campanha eleitoral e corre o risco de perder o cargo, pode ser condenado à prisão e ficar inelegível por 20 anos.

Em outro processo, o Tribunal Constitucional declarou admissível a denúncia de um advogado que acusa Pita e o Move Forward de quererem “derrubar” a monarquia.

O lugar do rei na sociedade tailandesa é motivo de debate, principalmente por causa da polêmica lei que reprime as críticas ao monarca, uma das mais severas do mundo.

O ‘Move Forward’ quer modificar o texto, cuja redação vaga deixa espaço para interpretações e tem sido usada para fins políticos para silenciar opositores. Os conservadores, por outro lado, rejeitam qualquer modificação em nome da inviolabilidade do rei.

A Tailândia, que já presenciou uma dezena de golpes desde o fim da monarquia absolutista em 1932, está acostumada a crises políticas, às vezes marcadas pela violência.

Nesta quinta-feira, o Parlamento estava sob grandes medidas de segurança.

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